Belo Horizonte (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza
sua 50ª Assembleia Geral, no Santuário Nacional de Aparecida, Padroeira do Brasil,
de 18 a 26 de abril. Oportunidade em que se celebra o jubileu áureo de instituição
da assembleia e momento para também se reverenciar o caminho feito, honrar a memória
e dignificar a participação dos pioneiros e de todos os que sustentaram esta iniciativa.
O
Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB, na sua mensagem de abertura
da Assembleia Jubilar, sublinhou que pela 50ª vez os bispos do Brasil se encontram
em reunião de partilha fraterna, oração, estudo e reflexão, na busca do fortalecimento
da comunhão entre si e com o Sucessor do apóstolo Pedro, Sua Santidade o Papa Bento
XVI.
A comemoração deste jubileu áureo é parte singular na história dos 60
anos de existência da Conferência Nacional, criada em 14 de outubro de 1952. Nesse
percurso, o acontecimento de 50 Assembleias tem especial significado para esta importante
instituição eclesial, o caminho missionário da Igreja Católica e, inquestionavelmente,
para o Brasil.
A Igreja Católica permeou as raízes da cultura brasileira, desde
o seu nascimento, já por mais de cinco séculos, com os valores do Evangelho de Jesus
Cristo. Nestes cinquenta anos de Assembleias da CNBB, legou uma especial colaboração
ao mundo da educação, da cultura, áreas social e política, sempre com a ética indispensável
para sustentar a história de uma sociedade. Basta avaliar, mesmo em meio a mudanças
até radicais na cultura e nos desdobramentos da visão de mundo, que os bispos católicos
do Brasil são destinatários do respeito e da mais alta consideração do seu povo, de
autoridades e dos diversos segmentos da sociedade.
A CNBB sempre foi, continua
sendo, e precisará ser sempre mais um indispensável ponto de referência no debate
nacional, na construção da sociedade, no cultivo de valores, na defesa da vida, na
opção preferencial pelos pobres. Os bispos, inseridos na vida diária do seu povo,
servindo e anunciando o Evangelho, produziram em documentos, declarações, notas, orientações,
debates, diálogos e projetos aos milhares. Um incomensurável tesouro com força de
pilar sustentador na vida brasileira. Dom Damasceno sublinhou bem ao dizer que a trajetória
da CNBB marca fortemente as páginas da história recente do Brasil. Acrescentou ainda
que os bispos jamais se intimidaram diante das mais diversas situações, por mais complexas
e delicadas que fossem. Por meio das Assembleias, ofereceram sempre contribuição ao
Brasil para o país progredir em suas lutas, amadurecer a democracia e buscar a superação
da injustiça social.
Largamente divulgados pelos meios de comunicação, os trabalhos
dos bispos em Assembleia sempre repercutiram de modo a expandir o testemunho da Igreja
em defesa da vida digna e plena para todos. Estes jubileus, 50 anos de Assembleias
e 60 anos da CNBB, estão localizados no amplo horizonte da celebração do cinquentenário
da abertura do Concílio Vaticano II, iniciado em 11 de outubro de 1962, apontado como
caminho de retorno às fontes, de avaliação e debate. Coincide também com a celebração
do Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, e que começa em outubro, no aniversário
do Concílio.
A Igreja Católica está consciente do desafio da ruptura cultural
e da queda de paradigmas neste contexto pós-moderno. Sabe que precisa da aprendizagem
de novas linguagens e de que é hora de uma interpretação cada vez mais autêntica do
Concílio, com seus ricos documentos, valiosas leituras dessas cinco décadas, para
alcançar a grande meta da indispensável renovação. É preciso voltar às fontes. Trata-se
da aprendizagem e apropriação da Palavra de Deus modificando vidas e configurando
as dinâmicas da cultura contemporânea.
A Igreja sabe que, além de cuidar de
sua renovação interna, não se deixando levar pelos irracionalismos pós-modernos, mas
sendo simples, sóbria, transparente, não pode deixar a sociedade contemporânea sozinha
no seu espaço secular, sem o indispensável confronto com o Evangelho de Jesus Cristo.
Sem este movimento, a sociedade contemporânea ficará fadada a uma mentalidade positivista
que está se arvorando como único caminho para a verdade. Aquela que considera, nas
escolhas e decisões, uma ética prática, isto é, a do benefício. Aquela do mal menor,
uma ética esvaziada de valores inegociáveis.
A Igreja sabe que é tarefa sua
ajudar na correção de barbaridades que prejudicam a organização da sociedade e sua
formação ética. A força da fé e o testemunho da Igreja são indispensáveis para a construção
de um Brasil cada vez melhor.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte