Trabalho missionário segue apesar do golpe de Estado na Guiné-Bissau
Cidade
do Vaticano (RV) – Adriana Nishiyama, 34 anos, é de Maringá, no Paraná. Há seis
anos decidiu participar da missão na Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau e, enquanto
leiga, realiza diversas atividades.
“Em 2001, na minha diocese, eu participei
de um tríduo missionário. Naquela oportunidade conheci dois seminaristas da Tanzânia
e a partir de então mantivemos contato. Eles me contaram sobre o trabalho missionário
deles no Brasil e também um pouco da África. E isso tudo despertou em mim o desejo
de partir para a missão. Eu não tinha claro que seria para a África, mas eu queria
fazer um trabalho voluntário”.
Cerca de quatro anos depois desse primeiro contato,
Adriana conta que por meio de um frei franciscano acabou chegando à Guiné-Bissau.
“Durante
dois anos eu me preparei com meu orientador no Brasil, principalmente psicologicamente.
Mas é claro que o impacto (na chegada) acontece. Contudo, a comunidade me recebeu
muito bem e isso foi fundamental para superar as dificuldades iniciais”.
Em
princípio, o projeto de Adriana contemplava dois anos de missão na Guiné-Bissau. Quando
terminasse, voltaria ao Brasil. Mas não foi isso que aconteceu.
“Quando terminou
o período, falei com Dom Pedro Zilli, Bispo da Diocese de Bafatá. Perguntei a ele
se poderia ficar mais um ano e meio. Ele concordou. Novamente, ao final do prazo,
pedi para ficar outra vez e agora já são quase seis anos”.
Depois de tanto
tempo, Adriana relata que muita coisa mudou, desde quando teve a vontade de partir
em missão. Para ela, esse período é de crescimento, tanto pessoal quanto espiritual.
“Cada vez mais você vai se apaixonando pelas pessoas, pelo trabalho. Percebe-se
também que aqui você pode fazer algo a mais. Meus pais dizem que poderia fazer também
no Brasil, só que lá há muitos voluntários. Mas aqui na África? Se você falar: vai
para a missão na África a pessoa pensa uma, duas, três vezes antes de sair. Diante
disso tudo, acredito que minha motivação inicial ainda continua e cresceu ainda mais”.
Adriana
desenvolve uma série de atividades: de professora à contabilidade da diocese, além
de acompanhamento nutricional de crianças e gestantes. Contudo, para ela, a educação
ainda é o maior desafio.
“Falta muita formação. Não é que nós, missionários,
vamos mudar a Guiné-Bissau. Não, mas acho que estando junto já ajudamos a superar
um pouco das dificuldades”.
Principalmente num contexto de um país como a Guiné-Bissau,
onde a infra-estrutura básica e o acesso ao desenvolvimento pessoal ainda são extremamente
deficitários.
“É difícil para as pessoas no Brasil entenderem como se vive
aqui. Às vezes eu descrevo determinada situação para meu pai, minha mãe e eles dizem:
não pode ser”.
Apesar de tudo, Adriana sabe que o país tem suas qualidades
que se encontram principalmente no povo acolhedor e que, depois de tanto tempo de
guerra, merece um pouco de paz. Quando questionada sobre o futuro, a resposta é imediata:
“Só Deus sabe, mas se depender de mim, gostaria de ficar”.