Pompeia (RV) – Quando em 3 de setembro do ano 2000 Pio IX foi elevado às honras
dos altares, o anúncio da sua beatificação suscitou numerosas polêmicas, Alguns definiram
a decisão de João Paulo II de beatificar Mastai-Ferreti junto a João XXIII uma verdadeira
afronta ao chamado “Papa bom”. O Papa João Paulo II, contudo, não somente foi um admirador
de Pio IX, como foi o autor de sua beatificação durante o Concílio Vaticano II.
No
dia 28 de abril, na cidade de Pompeia, no sul da Itália, será realizado um debate
justamente sobre a figura de Pio IX, em um evento intitulado “A Igreja na Itália entre
Pio IX e Bartolo Longo”.
O Beato Pio IX, nasceu Giovanni Maria Mastai-Ferretti,
em 13 de Maio de 1792. Foi Papa por 31 anos, sete meses e 17 dias, entre 16 de Junho
de 1846 e a data do seu falecimento, 07 de fevereiro de 1878. Foi o segundo pontificado
mais longo da história.
Apesar de ser considerado inicialmente como um liberal,
o seu pontificado passou a ser considerado como uma mudança no sentido do conservadorismo
por seus críticos. Pio IX iniciou uma campanha contra o que chamou de falso liberalismo.
Na encíclica “Quanta Cura”, de 8 de dezembro de 1864, condenou 16 proposições que
contrariavam a visão católica na época. Esta encíclica foi acompanhada pelo famoso
Syllabus errorum, que condenava as ideologias do panteísmo, naturalismo, racionalismo,
indiferentismo, socialismo, comunismo, franco-maçonaria e judaísmo.
O encontro
sobre Pio IX deverá durar todo o dia e será realizado no Santuário da Beata Virgem
do Rosário. Na ocasião, será também apresentada a 2ª edição do volume “Pio IX e a
Questão Romana”.
Sobre a Questão Romana, vale relembrar que se tratou da anexação
dos chamados Estados Papais pela Itália Unificada. Foi em setembro de 1870, quando
Roma foi cercada pelas forças de Vittorio Emanuelle, tornando-se capital da nova Itália
unificada. Foi concedido a Pio IX, então Papa, a "Lei das Garantias", que lhe deram
direitos de soberania, uma soma em dinheiro anual fixa e a extraterritorialidade dos
palácios papais de Roma. Pio IX nunca aceitou a oferta oficialmente, mantendo a pretensão
sobre os territórios conquistados. Ele declarava-se prisioneiro no Vaticano, embora
não tenha sido preso ou impedido de viajar livremente. Por conta disso, proibiu os
católicos italianos de votar nas eleições do novo reino italiano.
Essa incomoda
questão de disputas entre o Estado e a Igreja ficou conhecida como a “Questão Romana”,
que só teve fim em 1929, quando Benito Mussolini assinou, agora com o Papa Pio XI,
a Concordata de São João Latrão. (ED)