Rio de Janeiro (RV) - O Rio de Janeiro e toda a Igreja Católica se preparam
para a JMJ Rio2013, quando milhões de jovens se reúnem por alguns dias ao redor do
Papa. De 23 a 28 de julho de 2013, a reflexão estará centrada no tema “Ide e fazei
discípulos entre toda as nações”. Mas qual é o verdadeiro legado social da Jornada
Mundial da Juventude? A resposta é dada pelo Cônego Manuel Manangão:
“Quando
acontece um grande evento em nossa sociedade, pergunta-se sempre qual será o legado.
Isto não é coisa apenas deste momento. Conversando com pessoas que acompanharam o
grande evento acontecido em 1955, o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de
Janeiro, elas lembram-se da fala de Dom Helder que, pensando no que poderia ser deixado
de legado para a cidade do Rio, teve a sublime ideia de criar um organismo que pudesse
ser o apoio para tantos abandonados de nossa cidade. Levou a eles a esperança num
futuro melhor. Nasceu o conhecido Banco da Providência, que há 50 anos vem sendo lugar
de atendimento para os mais pobres de nossa cidade. Num trabalho extraordinário de
acolhimento e promoção humana, tem dado, ao longo de todos estes anos, oportunidade
de formação para o mundo do trabalho e geração de renda a uma multidão de pessoas.
E,
breve, daqui a pouco mais de um ano, teremos outro evento de enormes proporções, como
já se viu onde ele aconteceu em anos anteriores. Falo da Jornada Mundial da Juventude,
que onde ela tem sido realizada congrega milhões de jovens. E qual será o legado?
Hoje
em dia, uma praga ataca o coração de nossa juventude, colocando-a em situação de risco
permanente. O mundo das drogas que a envolve diretamente no consumo e no tráfico.
E por meio dela a todos os que convivem em seus diversos ambientes: as famílias dos
dependentes químicos, bem como outros estudantes, professores, catequistas, profissionais
da área de educação e saúde.
No Brasil, em 2005, o número de consumidores
chegou a 2,6% da população. A estimativa é que mais de 1,2 milhão de pessoas sejam
usuárias de crack no país. A média de idade do início do uso é de 13 anos (Ministério
da Saúde, 2010/2011- www.portal.saude.gov.br).
A partir desta realidade, a
Jornada Mundial da Juventude quer deixar um legado social que abrangerá três dimensões.
Primeiro, um trabalho de prevenção atuando em todos os ambientes; segundo, uma rede
de entidades, envolvendo as organizações da sociedade civil, que possa ser facilmente
acessada como apoio aos que se envolvem no uso de drogas e seus familiares; e, terceiro,
o fortalecimento e/ou criação de centros que possam acolher aqueles que precisarem
de imediato atendimento.
São tantas as famílias e jovens que precisam de socorro
e não sabem a quem recorrer. Segundo o Documento de Aparecida, “o problema da droga
é como mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas,
nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos,
homens e mulheres. A Igreja não pode permanecer indiferente diante desse flagelo que
está destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações” (DA nº 422). Precisamos
ser para eles, jovens e familiares, farol da esperança. Este será o nosso desafio
e o nosso legado. (CM)