Guiné Bissau ainda isolada. Fala um missionário da rádio local
Lisboa/Bissau (RV) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reúne-se
sábado em sua sede de Lisboa para debater a situação na Guiné-Bissau, depois do golpe
de estado militar ocorrido quinta-feira à noite no país.
A reunião extraordinária
a nível ministerial havia sido convocada por Angola para debater o cenário resultante
do anúncio feito por Luanda na segunda-feira sobre o fim da missão angolana de apoio
ao setor militar na Guiné-Bissau (Missang).
Segundo disse na sexta-feira à
agência Lusa o secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, o principal
objetivo do encontro é agora "o de continuar a persuadir todas as estruturas, no sentido
não só da preservação da segurança e da integridade física das pessoas que estão sob
custódia (primeiro-ministro e presidente interino), mas também da criação de canais
de comunicação para permitir a procura de uma solução negociada para a atual crise".
O
Brasil estará representado na reunião pelo sub-secretário para a África, Paulo Cordeiro.
Já
sexta-feira, o secretário-geral da ONU condenou, nos mais fortes termos possíveis,
o golpe militar na Guiné-Bissau e apelou aos golpistas para restaurarem imediatamente
o poder político e libertarem os detidos. Ban Ki-moon lembrou ainda que o povo guineense
se preparava para votar no segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para
29 de abril.
Também Anistia Internacional (AI) manifestou preocupação com
o golpe de estado na Guiné-Bissau e pediu aos militares que libertem os dirigentes
políticos e todas as pessoas detidas a começar pelo presidente interino, Raimundo
Pereira, e o primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior. Anistia
adianta ainda que alguns membros da sociedade civil “tiveram de se esconder”.
“Os
relatos oriundos de Bissau são preocupantes, mas a instabilidade reina no país há
algum tempo devido à violenta impunidade e à falta de progressos nas investigações
dos assassínios de figuras políticas e militares desde 2009”, refere, em comunicado,
Erwin van der Borght, diretor do Programa para África da Anistia Internacional.
Para
que a Guiné-Bissau recupere a estabilidade e evolua para um Estado de direito, defende
o dirigente da AI, é necessário resolver as questões relacionadas com os direitos
humanos, incluindo a liberdade de expressão, a falta de responsabilização pela violação
destes direitos e assegurar a reparação pelos abusos cometidos.
A RV contatou
esta manhã o Diretor da Rádio Solmansi, Pe. David Siocco. Missionário do Pontifício
Instituto das Missões do Exterior, PIME, o sacerdote italiano vive na Guiné-Bissau
desde 1992. Ele nos dá o seu testemunho. Ouça clicando acima. (CM)