Peru: Igreja preocupada por intervenção militar em Cajamarca
Lima (RV) - A cidade de Cajamarca, no oeste do Peru, paralisou quarta-feira
seus serviços comerciais e públicos em protesto contra um megaprojeto de mineração
para exploração de cobre e ouro na região, conhecido como projeto Conga. As ruas da
cidade ficaram tomadas por protestos e passeatas e as estradas que dão acesso a Cajamarca,
interditadas.
Os manifestantes organizados pela Frente de Defesa de Cajamarca,
que incluem sindicados, Igreja Católica, políticos, movimentos sociais e governo local
rechaçam a implantação do projeto pela suposta ameaça ao abastecimento de água nas
comunidades.
Para proteger a área do projeto, o governo peruano enviou 1.500
homens da Polícia Nacional Peruana à região que se espalharam entre a cidade e a zona
de influência da mina.
Segundo o presidente da Câmara do Comércio do Peru,
Jorge Vergara, “o governo Peruano não deve se intimidar com as manifestações”. Já
o primeiro-ministro peruano, Óscar Valdes, disse que aceita as reivindicações, mas
acredita que são infundadas.
Segundo o economista e engenheiro Juan Aste
Daffós, da Universidade Nacional de Lima, a maior contaminação será nas águas subterrâneas
e superficiais: “Seriam destruídas quatro nascentes de lagoas existente na região.
A empresa Yanacocha deteria o direito de controlar a água, provocando o deslocamento
da população campesina que teria suas economias e modo de vida afetados”, disse Daffós,
que pesquisa economia mineral e gestão ambiental, manejos e conflitos, ao site Operamundi.
Entretanto,
a Coordenação Nacional de Direitos Humanos pediu a retirada das tropas militares do
departamento peruano, considerando que a convocação de um grande contingente de militares
vai fazer aumentar a tensão e agravar a desconfiança da população em seu papel de
proteger todos os cidadãos sem discriminação. “A participação dos militares na resolução
de conflitos civis pode levar ao risco de graves violações aos direitos humanos”.
Em
meio à tensão que se estabeleceu no departamento de Cajamarca, o Presidente da Conferência
Episcopal Peruana, Dom Salvador Piñeiro, e o Defensor do Povo, Eduardo Vega Luna,
pediram o restabelecimento do diálogo para prevenir atos de violência e a divulgação
da perícia do Estudo de Impacto Ambiental. Os líderes também pediram a criação de
"opções de soluções viáveis e justas”. (CM)