Cidade do Vaticano (RV) - Celebramos neste domingo
a Páscoa do Senhor, a ressurreição do Filho do Homem, que deu a vida para a remissão
dos pecados de muitos. Celebramos nestes dias a Paixão e morte, e neste domingo, a
ressureição de Jesus, mas em muitos países, esta semana que nós chamamos de Semana
Santa, foi vivida, como tantas outras semanas. Uma semana na qual não se pôde expressar
o seu credo, não se pôde chorar a dor e a morte de Cristo, e ainda mais a alegria
da ressureição do Senhor. Notícias dos dias atrás: “são cerca 200 milhões os cristãos
que são perseguidos anualmente e de cinco em cinco minutos morre um cristão por causa
da sua fé”. A situação é dramática no mundo e nós assistimos a um agravar-se das situações.
Cristo continua a sofrer nos nossos irmãos privados de dignidade e liberdade
de expressar a sua religião. Basta ver a televisão, ler os jornais, para compreender
que continuam os graves casos de perseguição que atingem cada vez mais os cristãos
naqueles países onde são minoria. Basta pensar no momento em que vive a Síria. Num
país em revolução, a pressão dos militantes islâmicos já levou mais de 50 mil cristãos
a fugirem para o Líbano. O consenso dos especialistas internacionais aponta para a
criação, após a tão falada “primavera árabe” de regimes de ditadura religiosa, no
lugar das ditaduras políticas.
Na sua última viagem ao México e principalmente
a Cuba, o Papa Bento XVI centralizou a sua atenção na liberdade, afirmando que “a
Igreja insiste na possibilidade de levar, a todos os âmbitos da sociedade, a mensagem
de esperança e paz que o Evangelho contém”. Esperança e fé, é a mensagem que ressoa
na Páscoa de muitos cristãos que vivem o drama da perserguição, e não podem celebrar
o alegre anúncio, diante do temor e dor provocadas por integralistas que desejam simplesmente
erradicar o cristianismo de populações que ali vivem há séculos.
Para o Patriarca
de Antioquia e de todo o Oriente, de Alexandria e de Jerusalém, Gregorios III Laham,
as crises do mundo árabe são como “um terremoto” percebido de modo particular pelos
cristãos “expostos à fraqueza, à fragilidade e à vulnerabilidade. Gregorios III exorta
os cristãos a “serem solidários para com os irmãos do mundo árabe, onde se encontram
nossas raízes”. Já é tempo de que os cristãos redescubram o amor de Deus e se lembrem
de que são filhos da Ressurreição. Os cristãos têm vivido há séculos nas regiões
conhecidas atualmente como países árabes, juntamente com outros grupos religiosos
e, principalmente, com os muçulmanos que participaram com eles das aflições da vida.
Mas os cristãos perderam o apoio de muitos de seus concidadãos islâmicos por muitas
razões, inclusive pelo extremismo religioso, pelo aumento da população, pelos atos
de discriminação, coerção e expulsões individuais e coletivas de cristãos.
Cristãos
continuam sendo martirizados ao redor do mundo, mas poucos cidadãos de nações livres
estão atentos à difusão da perseguição religiosa. “Os cristãos livres não percebem
quão afortunados são”.
O fato dos cristãos serem perseguidos e discriminados
levou nos meses passados Dom Dominique Mamberti, Secretário do Vaticano para as relações
com os Estados, a pedir que seja dado “um sinal importante de que os Governos querem
enfrentar esta grave questão”.
Hoje muitos seguidores de Cristo, que padeceu
a morte para libertar o homem do pecado, sofrem a dor do desprezo pelo simples fato
de seguirem o cristianismo. Apesar de a comunidade internacional e as constituições
da maior parte dos Estados proclamarem repetidamente o direito à liberdade religiosa
este continua a ser hoje amplamente violado.
Que Páscoa do Senhor, chegue
a todos esses nossos irmãos perseguidos trazendo esperança e paz. Feliz Páscoa (Silvonei
José)