Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI presidiu na manhã desta quinta-feira a
Missa do Crisma, na Basílica de São Pedro, durante a qual consagrou os óleos dos catecúmenos,
da unção dos enfermos e o do crisma. No primeiro evento do calendário da Páscoa, os
cerca de 1600 cardeais, bispos, párocos romanos, sacerdotes diocesanos e religiosos
renovaram suas promessas sacerdotais.
Inspirando-se na narração de João, o
Papa introduziu sua homilia perguntando-se: “Somos realmente consagrados na realidade
da nossa vida? Atuamos a partir de Deus e em comunhão com Jesus Cristo?”. E prosseguiu
centrando-se na “situação algumas vezes dramática da Igreja de hoje” e citando de
modo especial “um país europeu em que um grupo de sacerdotes publicou um apelo à desobediência”.
Bento
XVI disse saber que este grupo pede que “sejam ignoradas algumas decisões definitivas
do Magistério, como, por exemplo, a Ordenação das mulheres”, questão “a propósito
da qual o Beato Papa João Paulo II declarou de maneira irrevogável que a Igreja não
recebeu, da parte do Senhor, qualquer autorização para fazê-lo”. “Será a desobediência
um caminho para renovar a Igreja?” – interrogou.
Bento XVI chamou a atenção
também para o problema do analfabetismo religioso típico dos nossos tempos:
“Os
elementos fundamentais da fé, que no passado toda e qualquer criança sabia, são cada
vez menos conhecidos. Mas, para se poder viver e amar a nossa fé, para se poder amar
a Deus e, consequentemente, tornar-se capaz de ouvi-lo corretamente, devemos saber
aquilo que Deus nos disse; a nossa razão e o nosso coração devem ser tocados pela
sua palavra”. “O Ano da Fé, a comemoração da abertura do Concílio Vaticano II há 50
anos, - prosseguiu o Papa – devem ser uma ocasião para anunciarmos a mensagem da fé
com novo zelo e nova alegria”.
Outro esclarecimento feito pelo Pontífice
na homilia foi o fato que “em alguns ambientes, o termo «alma» é considerado como
palavra proibida, porque exprimiria um dualismo entre corpo e alma, cometendo o erro
de dividir o homem”. “Certamente – explicou – o homem é uma unidade, destinada
com corpo e alma à eternidade. Mas isso não pode significar que já não temos uma alma,
um princípio constitutivo que garante a unidade do homem durante a sua vida e para
além da sua morte terrena”.
“Como sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente
com o homem inteiro, incluindo as suas necessidades físicas: com os famintos, os doentes
e os sem-abrigo; contudo, não nos preocupamos apenas com o corpo, mas também com as
necessidades da alma do homem: com as pessoas que sofrem devido à violação do direito
ou por um amor desfeito; com as pessoas que, relativamente à verdade, se encontram
na escuridão; que sofrem por falta de verdade e de amor. Preocupamo-nos com a salvação
dos homens em corpo e alma. E, enquanto sacerdotes de Jesus Cristo, o fazemos com
zelo” – frisou.
Bento XVI terminou a homilia lembrando que “as pessoas
não devem ter a sensação que após cumprir nosso horário de trabalho pertencemo-nos
apenas a nós mesmos. Um sacerdote nunca pertence a si mesmo”. E pediu ao Senhor
que “nos encha com a alegria da sua mensagem, a fim que possamos servir, com jubiloso
zelo, a sua verdade e o seu amor”. (CM)