2012-04-05 11:10:23

CNBB: aumenta a violência contra moradores de rua


(Brasília) - A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB divulgou na manhã de quarta-feira, 04/04, uma nota relativa aos dados da violência contra a população de rua em todo o país.

O levantamento foi obtido pelo Centro de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos para a População de Rua e Catadores de Material Reciclável (CDDH), uma parceria da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, CNBB e Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Os dados revelam que o índice de violência contra o Povo de Rua está crescendo a cada mês. Em todo o Brasil, nos últimos 12 meses, houve 165 mortes e 35 tentativas de homicídio, além de 66 lesões corporais contra moradores de rua. Apenas na cidade de Maceió (AL) registraram-se 8 assassinatos.

“Preocupa-nos a não implementação de políticas públicas em benefício desta população, deixando-a ainda mais vulnerável” - afirma Dom Guilherme Werlang, Presidente da Comissão. Ele também chama a atenção para a missão maior de toda a sociedade, que é “a proteção e o cuidado com o nossos irmãos mais fragilizados para que tenham vida em plenitude no tempo que Deus permitir”.

“Há uma situação de higienização e de extermínio dessa população. Estão assumindo a postura da violência física, tentativa de homicídio, o que culmina com assassinatos, com características de crueldade mesmo, como é o caso mesmo de atear fogo nas pessoas ou jogar pedras” - relata a Irmã Cristina Bove, da Pastoral do Povo de Rua.

A religiosa afirma que os autores deste tipo de violência são múltiplos, e sinaliza a falta de resposta da sociedade para a questão: “A população em geral discrimina, pois não quer viver perto de moradores de rua. Recentemente, a imprensa noticiou que no Distrito Federal comerciantes pagaram 100 reais para matar moradores de rua” - conta a Irmã Cristina, que também faz um alerta. “Há informações de grupos com características neonazistas, que estão provocando estas mutilações e mortes, além de denúncias de extermínios feitos por setores da área pública”.

De acordo com a religiosa, a situação é mais grave nas capitais e nas cidades com mais de 300 mil habitantes e tem causas múltiplas. “O nosso sistema econômico gera uma mão de obra excedente. Este povo, sem trabalho, acaba caindo na situação de rua” - afirma Irmã Cristina, que lembra a necessidade de uma política nacional para o tema. “Temos que partir do pressuposto de que as pessoas não querem ficar na rua, e por isso, precisam ter acesso aos equipamentos e serviços que possam ser oferecidos. E claro, que não sejam somente serviços assistencialistas. Precisamos de políticas estruturantes, com respeito a trabalho e habitação”, concluiu a religiosa.
(CM-CNBB)








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