Papa aos detentos da maior penitenciária de Roma: “Jesus ajuda a levantar das quedas”
Cidade do Vaticano (RV) – A Via Crucis como “sinal de reconciliação” consigo
mesmo, com Deus e a sociedade. Este é um dos significados que Bento XVI atribui à
celebração do rito sagrado vivida na tarde desta sexta-feira pelos detentos e trabalhadores
do cárcere romano de Rebibbia em preparação para a Páscoa, sob guia do cardeal vigário,
Agostino Vallini. Em uma mensagem enviada pela ocasião, o Papa exorta a analisar o
exemplo de Jesus, caindo e levantando-se apesar do peso da Cruz.
O calvário
de tantos homens em fila atrás do Homem do Calvário, para aprender com ele que aquilo
que conta não é cair, mas levantar-se e que a morte do desprezo ou da solidão pode
conhecer a esperança de uma nova vida. São os sentimentos que Bento XVI lê na cena
da subida a Golgota e trasmite aos detentos e aos trabalhadores da penitenciária de
Rebibbia.
Quando, no último Natal, o Papa fez uma visita ao cárcere, entre
tantas recordações – admite – deixaram nele um “sinal profundo”, o Pontífice cita
na Mensagem a consideração então feita a ele por um detento: a prisão serve para levantar-se
depois de uma queda, para reconciliar-se consigo mesmo, com os outros e com Deus para
depois poder entrar de novo na sociedade.
A analogia com Cristo prisioneiro
ao longo da Via Crucis é imediata. Quando, escreve o Papa, “vemos Jesus que cai –
uma, duas, três vezes – compreendemos que Ele compartilhou a nossa condição humana,
o peso dos nossos pecados o fez cair, mas por três vezes Jesus se levantou e prosseguiu
o caminho até o Calvário; e assim, com a ajuda de Jesus, nós também podemos nos levantar
das nossas quedas e, talvez ajudar um irmão a também levantar-se”.
Mas, pergunta-se
Bento XVI, “que coisa dava forças a Jesus para seguir em frente? Era a certeza que
o Pai estava com Ele. Mesmo se em seu coração estivesse toda a amargura do abandono,
Jesus sabia que o Pai o amava”. Mesmo “se todos o desprezavam e não mais o tratavam
como um homem, Jesus, no seu coração, tinha a certeza sólida de ser sempre filho,
o Filho amado do Deus Pai”.
E isso, caros amigos – afirma o Papa – “é o grande
dom que Jesus nos deu com sua Via Crucis: nos revelou que Deus é amor infinito, é
misericórdia, e leva até o fim o peso dos nossos pecados, para que possamos nos levantar
e nos reconciliar para reencontrar a paz”.
Nós também, conclui “não devemos
ter medo de percorrer a nossa “via crucis”, de carregar a nossa cruz junto com Jesus.
Ele está conosco e também Maria, a Sua e nossa mãe. Ela permanece fiel também nos
pés da cruz, e reza para a nossa ressurreição, porque crê com solidez que, até mesmo
na noite mais escura, a última palavra é a luz do amor de Deus”. (RB)