2012-03-29 14:48:14

Síria: continua a fuga de cristãos


Damasco (RV) - Quase todos os cristãos de Homs, arrasada pelo conflito na Síria, fugiram da cidade por causa da violência e da perseguição, enquanto se informou que suas casas foram atacadas e sitiadas por fanáticos vinculados ao Al-Qaeda. Diversos relatos oficiais assinalam que perto de 90% de cristãos deixaram seus lares, e a violência levou a se temer que a Síria possa converter-se em um “segundo Iraque”, com ataques às igrejas, seqüestros e expulsões de cristãos.

O êxodo de mais de 50 mil cristãos verificou-se, em sua maior parte, nas últimas seis semanas. Isto faz crer a uma “limpeza étnica” iniciada por grupos militantes islâmicos vinculados ao Al Qaeda, de acordo à organização internacional católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Homs era o lugar onde vivia o maior número de cristãos da Síria, e fontes da Igreja assinalam que os fiéis sofreram muito com a violência.

Eles escaparam para povoados, muitos dos quais estão nas montanhas, a uns 50 quilômetros fora da cidade. Islâmicos teriam ido de casa em casa nos bairros de Hamidiya e Bustan al-Diwan, em Homs, obrigando os cristãos a fugirem, sem dar-lhes a oportunidade de recolher seus pertences. A crise em Homs incrementou o temor de que islâmicos estariam ganhando influência na região, após o vazio de poder deixado pela derrota de outros governos árabes.

As comparações com o Iraque são sinistras. A violência contra os fiéis nesse país fez com que a população cristã passasse de 1,4 milhões no final de 1980 a menos de 300 mil na atualidade. Tanto na Síria como no Iraque, a Igreja é alvo de ataques porque é vista como próxima aos regimes dominantes.

A revolução na Síria começou em março de 2011, com protestos visando uma reforma política. O levante se tornou cada vez mais violento e mais de 8 mil pessoas já morreram no conflito no último ano, segundo as cifras da ONU. A maioria da oposição é Sunita (80% da população), enquanto as minorias religiosas continuam apoiando o presidente Bashar al-Assad.

A exilada Irmandade Muçulmana de Síria afirmou que não monopolizará o poder em um novo regime, mas apoiará um estado democrático com igualdade para todos os cidadãos e respeito pelos direitos humanos.

No dia 18 de março, a explosão de um carro bomba teve como alvo o bairro cristão de Aleppo, perto da Igreja de São Boaventura, dos frades Franciscanos. Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está agora ajudando as famílias das vítimas deste atentado. “As pessoas que estamos ajudando têm muito medo”, disse o Bispo de Aleppo, Dom Antoine Audo, que fiscaliza o programa de ajuda.

“Os cristãos não sabem o que lhes prepara o futuro. Eles temem que não retornarão aos seus lares”. Os deslocados de Homs estão desesperados por conseguir comida e abrigo. Ajuda à Igreja que Sofre anunciou um pacote de ajuda urgente de 100 mil dólares para aliviar suas necessidades. Cada família receberá 60 dólares cada mês para mantimentos básicos e alojamento.

Os organizadores da assistência esperam que eles possam retornar aos seus lares para o verão. Dom Audo disse à AIS que é muito importante ajudar aqueles que se encontram em perigo. “Rezem por nós e trabalhemos juntos para construir a paz em Síria”, disse o prelado. (SP)








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