Bamako (RV) - Os principais líderes religiosos no Mali estão engajados nas
negociações para resolver a crise política desencadeada pelo golpe militar que derrubou
o presidente Amadou Toumani Touré. “Na terça-feira, 27, eu participei com Dom Jean
Zerbo, Arcebispo de Bamako, juntamente com os líderes evangélicos e islâmicos do país
de uma reunião com os partidos políticos contrários ao golpe. O assunto da reunião
foi encontrar uma solução para que os militares cedam o poder o mais rápido possível”,
disse à agência Fides Pe. Edmond Dembele, secretário da Conferência Episcopal do Mali.
“Nesta quarta-feira encontramos os partidos que apoiam o golpe de Estado, a fim de
obter um quadro completo de todos os diferentes pontos de vista e propor uma saída
para esta crise”, disse Pe. Dembele.
Os líderes religiosos envolvidos na negociação
fazem parte da Union Sacrée des Leaders Religieux. “Eles se propõem como intermediários
entre os partidos políticos e as novas autoridades que nasceram do golpe”, observa
Pe. Dembele.
Enquanto isso, a situação do país parece se normalizar. “Na terça-feira
foram parcialmente reabertas as fronteiras, permitindo a importação de mercadorias
essenciais”, relata o sacerdote. “A capital está calma – prossegue. Eu atravessei
o centro da cidade e pude ver que a população voltou a trabalhar. A circulação de
veículos voltou quase ao normal, há vários carros e motos em circulação”. “Na terça-feira
houve uma pequena manifestação de centenas de jovens que acolheram o apelo lançado
por alguns partidos políticos para protestar contra o golpe militar”.
“A manifestação,
que se realizou diante da Bourse du Travail, sede da Union National des Travailleurs
du Mali (principal sindicato do país), não foi suprimida e se realizou de forma pacífica”,
conclui Pe. Dembele. (SP)