2012-03-28 17:52:40

Na Missa em Havana, Papa sublinha importância da liberdade religiosa para plena maturidade humana e desenvolvimento social


(28/3/2012) Umas trezentas mil pessoas terão participado na Missa celebrada pelo Papa, na manhã desta quarta-feira, na Praça da Revolução, no centro de Cuba. Na homilia, comentando as leituras da liturgia desta quarta-feira, Bento XVI evocou o episódio dos jovens lançados na fornalha ardente, porque se recusavam a renegar a sua fé: “os três jovens, perseguidos pelo soberano babilonense, antes preferem morrer queimados pelo fogo que trair a sua consciência e a sua fé. Eles encontraram a força de «louvar, glorificar e bendizer a Deus» na convicção de que o Senhor do universo e da história não os abandonaria à morte e ao nada. De facto, Deus nunca abandona os seus filhos, nunca os esquece. »

Evocando depois o Evangelho do dia « Se vos mantiverdes no meu amor… conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres », Bento XVI sublinhou que todo o ser humano deseja a verdade. Procurá-la é exercitar a autêntica liberdade ». Muitos preferem os atalhos, evitando essa tarefa. Outros não reconhecem a possibilidade de o homem atingir a verdade, ou negam mesmo que exista uma verdade para todos. Este cepticismo e relativismo suscitam um coração distante, vacilante, dobrado sobre si mesmo – advertiu o Papa, que aludiu ainda a uma outra posição – a dos que interpretam mal a busca da verdade, caindo na irracionalidade ou no fanatismo, atitudes que o discípulo de Jesus não pode adotar…
“quem age irracionalmente não pode chegar a ser discípulo de Jesus. Fé e razão são necessárias e complementares na busca da verdade. Deus criou o homem com uma vocação inata para a verdade e, por isso, dotou-o de razão. Certamente não é a irracionalidade que promove a fé cristã, mas a ânsia da verdade. Todo o ser humano deve perscrutar a verdade e optar por ela quando a encontra, mesmo correndo o risco de enfrentar sacrifícios.”

Aliás – acrescentou ainda o Papa - a verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque é nela que descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar, com formulações claras e precisas sobre a vida e a morte, os deveres e direitos, o matrimônio, a família e a sociedade, enfim sobre a dignidade inviolável do ser humano.
“É este patrimônio ético que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não crêem n’Ele. / Ao ressaltar os valores que sustentam a ética, o cristianismo não impõe mas propõe o convite de Cristo para conhecer a verdade que nos torna livres.”

O fiel é chamado a dirigir este convite aos seus contemporâneos, como fez o Senhor, mesmo perante o sombrio presságio da rejeição e da Cruz. O encontro pessoal com Aquele que é a verdade em pessoa impele-nos a partilhar este tesouro com os outros, especialmente através do testemunho.
“Queridos amigos, não hesiteis em seguir Jesus Cristo. N’Ele encontramos a verdade sobre Deus e sobre o homem. Ajuda-nos a superar os nossos egoísmos, a sair das nossas ambições e a vencer o que nos oprime. Aquele que pratica o mal, aquele que comete pecado é escravo do pecado e nunca alcançará a liberdade (cf. Jo 8, 34). Somente renunciando ao ódio e ao nosso coração endurecido e cego é que seremos livres, e uma vida nova germinará em nós.

Para poder testemunhar e comunicar aos outros o que vive e acredita, Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida – sublinhou o Papa – a Igreja precisa de poder contar com a liberdade religiosa, que lhe permita proclamar e celebrar publicamente a própria fé…
“ Há que reconhecer, com alegria, os passos que se têm realizado em Cuba para que a Igreja cumpra a sua irrenunciável missão de anunciar, publica e abertamente, a sua fé. Mas é preciso avançar ulteriormente. E desejo encorajar as instâncias governamentais da Nação a reforçarem aquilo que já foi alcançado e a prosseguirem por este caminho de genuíno serviço ao bem comum de toda a sociedade cubana.”

Quando a Igreja chama a atenção para o direito à liberdade religiosa, não está a reclamar nenhum privilégio – sublinhou o Papa, quase a concluir a sua homilia. “Pretende apenas ser fiel ao mandato do seu divino fundador, na certeza de que onde Cristo se torna presente, o homem cresce em humanidade e encontra a sua consistência”. É por isso que a Igreja procura dar o seu testemunho na pregação e no ensino, tanto na catequese como no âmbito escolar e universitário…

“É de esperar que também aqui, em breve, chegue o momento em que a Igreja possa levar aos campos do saber os benefícios da missão que o seu Senhor lhe confiou e que nunca pode descurar… … Cuba e o mundo precisam de mudanças, mas estas só poderão ter lugar se cada um estiver em condições de se interrogar sobre a verdade e decidir-se a tomar o caminho do amor, semeando reconciliação e fraternidade”.
(homilia integral em viagens apostolicas)








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