Superar o cansaço da fé e recuperar a alegria de ser cristão em atitude de conversão
e reconciliação: o Papa na homilia da Missa no Parque do Bicentenário de León
(25/3/2012) Na viagem apostolica de Bento XVI ao México, viveu-se neste domingo
o momento central com a missa no Parque Bicentenário, espaço comemorativo dos 200
anos da independência do México que se localiza entre as cidades de Guanajuato, Silao
e León, que viu a participação de centenas de milhares de pessoas.
A missa
foi ser concelebrada por 300 entre cardeais, arcebispos e bispos, para além de centenas
de padres; uma ordem religiosa de clausura preparou as 250 mil hóstias distribuídas
aos fiéis, na altura da comunhão.
“Recuperar a alegria de ser cristão”, em
atitude de conversão e reconciliação, confiando no Deus misericordioso capaz de “transformar,
a partir de dentro, nos corações, as situações insuportáveis e sem futuro”: estas
as indicações do Papa aos fiéis mexicanos, na homilia da Missa deste domingo, em León.
Comentando os textos da liturgia, Bento XVI começou pelo Salmo responsorial, que pede
“cria em mim, Senhor, um coração puro”.
“Uma exclamação (observou) que mostra
a profundidade com que é preciso preparar-se para celebrar… o grande mistério da paixão,
morte e ressurreição do Senhor”, mas que ao mesmo tempo “ajuda a olhar em profundidade
para o coração humano, especialmente nos momentos de sofrimento (e esperança), como
o que atravessa o povo mexicano e também outros povos latino-americanos”.
Como
mostra a história do povo de Israel e a oração expressa neste Salmo 50, “no momento
de enfrentar a sua existência mais autêntica, o destino mais decisivo – a salvação”,
mais do que nas próprias forças, há que pôr a sua esperança em Deus, que pode criar
um coração novo, sensível e dócil.” Daqui uma importante mensagem “para cada um de
nós e para os nossos povos”:
“Quando se trata da vida pessoal e comunitária
na sua dimensão mais profunda, não bastam as estratégias humanas para nos salvar.
Temos, também nós, de recorrer ao Único que nos pode dar vida em plenitude, porque
Ele mesmo é a essência da vida e o seu autor, tendo-nos feito participantes dela por
seu Filho Jesus Cristo.”
Recordando as palavras de Jesus no Evangelho deste
domingo – que é morrendo que o grão de trigo germina e dá fruto abundante, Bento XVI
evocou a imagem do Cristo Rei, tão venerada pelos católicos mexicanos, e que ele própria
sobrevoara, no helicóptero, antes da Missa. O reinar de Cristo – advertiu o Papa –
não consiste em submeter os outros com a força ou a violência!
“Assenta,
isso sim, num poder maior que vence os corações: o amor de Deus que Ele trouxe ao
mundo com o seu sacrifício e com a verdade de que deu testemunho. É este o seu domínio,
que ninguém lhe poderá tirar e que ninguém deve esquecer.”
O santuário mexicano
de Cristo Rei há-de ser portanto, antes de mais – recomendou o Papa – “lugar de peregrinação,
de oração fervorosa, de conversão, de reconciliação, de busca da verdade e de acolhimento
da graça”. Há que pedir a Cristo que reine nos nossos corações tornando-os puros,
dóceis, cheios de esperança, ao mesmo tempo corajosos e humildes”.
A concluir,
o Papa recordou ainda a “Missão continental”, decidida em Aparecida, pelos Bispos
latino-americanos, para “confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho
enraizada na história destas terras”. É importante que os cristãos e as comunidades
eclesiais “resistam à tentação de uma fé superficial e rotineira, por vezes fragmentária
e incoerente”.
“Também aqui há que superar o cansaço da fé e recuperar a alegria
de ser cristão, apoiado pela felicidade interior de conhecer a Cristo e de pertencer
à sua Igreja. É desta alegria que nascem as energias para servir a Cristo nas difíceis
situações do sofrimento humano, colocando-se à disposição d’Ele, sem se fechar no
próprio bem-estar” Uma imagem da Senhora de Guadalupe, em tamanho natural, marcou
presença na missa deste domingo e o Papa ajoelhou-se e rezou diante da mesma, após
a recitação do Angelus. Durante a celebração, Bento XVI ofereceu um mosaico, que
vai ser colocado no interior do santuário de Cristo Rei. O monumento situa-se na
colina de Cubilete, centro geográfico do México, a 2579 metros de altitude, e a atual
estátua, desenhada em 1942, é a quinta a ter sido colocada no local, após as limitações
impostas pelo poder político. A obra, com 20 metros de altura e 250 toneladas de
peso, tem nas suas costas dois anjos, que oferecem as coroas da glória e do martírio.