Termina visita apostólica na Irlanda: convite ao reforço da tutela dos menores
Cidade do Vaticano (RV) – A Santa Sé publicou, nesta terça-feira, um documento
com a síntese dos resultados da Visita Apostólica realizada a Dioceses, Seminários
e Institutos Religiosos da Irlanda. A Santa Sé renova o “senso de indignação” expresso
pelo Papa na carta aos católicos irlandeses de 2010, e renova a proximidade “às vítimas
de tais atos pecaminosos e criminosos”.
O documento convida os bispos e os
superiores religiosos da Irlanda a um renovado empenho para erradicar a praga dos
abusos contra os menores. De acordo com a publicação, a visita apostólica evidencia
“a gravidade das faltas que ocasionaram, no passado, compreensão e reação insuficientes
por parte de bispos e superiores religiosos sobre o terrível fenômeno dos abusos a
menores”. Aconselha-se, portanto, aos bispos e aos superiores, que continuem dando
assistência às vítimas dos abusos.
O documento vem anunciar também que Santa
Sé e Episcopado Irlandês já iniciaram uma reflexão comum sobre a atual configuração
das dioceses, para deixá-las “mais capacitadas para responder às necessidades da Igreja
na Irlanda”.
A visita foi de cunho pastoral, e a intenção do Santo Padre
era a de “auxiliar a Igreja local no seu percurso e renovação”. Já no Comunicado de
Imprensa da Santa Sé de 12 de novembro de 2010, lê-se que, com a visita, “não havia
a intenção de substituir ou interferir nas atividades dos magistrados locais, nem
nas atividades das Comissões de Investigação, estabelecidas pelo Parlamento Inglês,
nem no trabalho de qualquer autoridade legislativa com competência na área de prevenção
de abusos a menores”.
O documento discorre ainda sobre as Linhas Guias para
a proteção dos menores, enunciadas em 2008, afirmando que elas revelaram-se “um instrumento
eficaz para lidar com as denúncias de abusos e para aumentar a sensibilidade de toda
a comunidade em matéria de tutela de menores”. Destacou-se que elas facilitam “uma
estreita colaboração com as autoridades civis na rápida assinalação de acusações”
e o “constante envio à Congregação para a Doutrina da Fé das matérias que são de sua
competência”.
O documento ressalta que da visita aos seminários pode-se constatar
o empenho humano e espiritual dos formadores e a presença de claras normas de tutela
dos menores. Contudo, uma série de recomendações foi feita, entre as quais, que se
inclua na instrução “uma profunda formação em matéria de tutela dos menores”.
Por
fim, indica-se algumas prioridades pastorais que poderão guiar à renovação: formação
nos conteúdos da fé, valorização do empenho dos leigos, o papel dos professores de
religião, abertura à contribuição dos movimentos e fidelidade ao Magistério.
Em
coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira em uma localidade próxima a Dublin,
na Irlanda, o Presidente da Conferência Episcopal irlandesa, Cardeal Seán Brady, afirmou
que a comunidade católica do país está grata ao Papa por essa visita apostólica de
natureza pastoral. Ele também reforçou o grande “sentimento de vergonha e dor dos
bispo e assegurou o empenho para responder adequadamente à situação causada pelos
trágicos casos de abusos a menores perpetrados por parte de sacerdotes e religiosos.
(ED)