Damasco (RV) - O Núncio Apostólico na Síria considera que chegou o momento
dos cristãos se mobilizarem no país. O estado de desagregação a que chegou a nação
exige um testemunho de caridade, afirma Dom Mario Zenari. “Há um lugar para os cristãos
e eles não se podem dar ao luxo de perder a oportunidade. Não há dúvida de que a Síria
está mudando, começou um novo processo e agora não tem como voltar atrás”, declarou
o Núncio Apostólico, entrevistado pela agência AsiaNews e citado pela Rádio Renascença
de Portugal.
Os cristãos, que são cerca de 10% da população síria, tem sido
cautelosos na forma como abordam a “Primavera Árabe”. Muitos continuam a apoiar o
regime, temendo o caos que se poderá seguir se cair o governo atual. Os líderes cristãos
têm apelado continuamente, porém, a um entendimento e ao fim da violência.
O
Núncio alerta para o perigo de uma estreita ligação ao atual regime, avisando que
os cristãos não devem “encostar-se a uma parede que se desmorona. Mas também não podem
ficar parados olhando pela janela. Os cristãos estão na sociedade e devem arregaçar
as mangas”.
Neste sentido os cristãos se beneficiam de uma forte elite, explica
o arcebispo. Em várias localidades, segundo Mario Zenari, os cristãos são como uma
ponte entre os diferentes grupos étnicos: “Nós, cristãos, temos a obrigação de contribuir
para a reconciliação entre os grupos que vivem no país. Há ideia de que o destino
dos cristãos sírios será igual ao Iraque. Mas a Síria não é o Iraque, nem o Egito,
tem as suas próprias características, com tradições de tolerância”.
Em termos
da situação do país Dom Mario Zenari explica que as divisões entre os sunitas, que
formam a esmagadora maioria da população, e os alauítas, que são apenas cerca de 12%
mas controlam os organismos do Estado, se aprofunda cada vez mais: “Estamos caminhando
sobre brasas que podem se acender a qualquer momento. Da nossa parte temos de testemunhar
a caridade. Este é o momento dos cristãos, devemos agir e partir ao ataque em defesa
da dignidade humana. É importante não perder este momento histórico”, considera o
Núncio Apostólico na Síria. (SP)