Uberaba (RV) - Como Bispo da Santa Igreja, e mesmo como Presbítero, me considero
fundador de comunidades novas, ou como aquele que confirma as comunidades já estabelecidas.
Assim, procurei nas cidades maiores, visitar os bairros em formação, com o precioso
auxílio de seminaristas, de religiosas, de diáconos e sobretudo de Presbíteros. E
quando os leigos despertam para a beleza da vida comunitária, então considero que
ali existe vida, trazida pelo Espírito Divino, que “é Senhor e fonte de vida”. Mas
não basta fundar as comunidades e nomear pessoas responsáveis. É preciso imitar os
Apóstolos, e visitar essas sementes do Reino de Deus, para conferir o espírito fraterno,
a firmeza na fé e a perseverança na prática do bem. São Paulo dizia “Tenho grande
desejo de visitar-vos” (Rom 15, 23).
Quero partilhar com meus amigos as impressões
vividas numa dessas visitas de retorno. Trata-se de um bairro – hoje muito populoso
- onde fui o iniciador da comunidade. Há um Padre, responsável por todo o andamento
religioso, um admirável Diácono, um seminarista teólogo, e vários leigos de muito
bom gabarito. Já possuem uma capela, de suficiente tamanho, e o salão paroquial está
em construção. Rezei missa para esse povo, num sábado à noite. O assunto da celebração
foi como se preparar para a Páscoa, como reafirmar a fidelidade à pessoa de Cristo,
e como participar da Campanha da Fraternidade. A capela estava quase cheia. O tipo
de fiéis presentes era de povo remediado, e a maioria dos presentes eram mulheres.
Saímos de lá, e pude em seguida, me aproximar de um templo evangélico, em
pleno funcionamento. Era bom o número de fiéis, a maioria da assembléia era de homens,
bem vestidos, quase uma “elite” do bairro. O assunto que tratavam era a prosperidade,
como sinal de bênção divina. Mas isso só aconteceria – afirmava-se - mediante generosos
dízimos. Houve ainda várias “curas”, sendo o arsenal dos milagres um poder à disposição
do líder. Pensei para mim: por que a mensagem, séria e teologicamente completa, da
nossa Igreja, não produz impacto sobre a população? Deveríamos apelar para o “popular”?
Não devemos cair nessa cilada. A mensagem completa de Cristo tem resposta total para
todos os anseios humanos. Para que ela faça efeito, no entanto, depende da hora da
graça divina. “O Senhor lhe abriu o coração” ( At 16,14).