Vaticano demarca-se de lavagem de dinheiro e afirma empenho em favor da «plena transparência»
financeira
(9/3/2012) O director da Sala de Imprensa da Santa Sé desvalorizou hoje a inclusão
do Estado da Cidade do Vaticano na lista de países vulneráveis à lavagem de dinheiro,
segundo um relatório anual do Governo norte-americano, algo que aconteceu pela primeira
vez. “Diria que a notícia da inclusão da Santa Sé no relatório, para quem a saiba
ler, é uma ‘não notícia’ ou, se quisermos, uma ‘boa notícia’, porque reflete exatamente
a realidade do empenho atual e ativo da Santa Sé por uma plena transparência das atividades
económicas e financeiras”, refere o padre Federico Lombardi. Comentando a “preocupação”
manifestada no documento anual do Departamento sobre a Estratégia Internacional para
o Controlo de Narcóticos, dos Estados Unidos da América (EUA), este responsável sublinha
que a Santa Sé tem procurado inserir-se “no sistema internacional de controlo das
atividades financeiras”. “É natural, por isso, que [a Santa Sé] seja agora referida
no relatório, ao contrário do que acontecia no passado”, sustenta. “Não há motivo
para surpresa. O próprio relatório nota que no decorrer de 2011 a Santa Sé se tornou
observadora ativa do Moneyval [organismo especializado do Conselho da Europa para
a luta contra a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo]”, acrescenta. Em
dezembro de 2010, Bento XVI criou uma Autoridade para a Informação Financeira, para
garantir maior transparência nas finanças da Santa Sé (órgão de governo da Igreja
Católica) e combater o crime económico. As novas normas para o Estado do Vaticano
e a Santa Sé, nesta matéria, entraram em vigor a 1 de abril de 2011. O padre Lombardi
frisa que países como Itália, França, Alemanha, Reino Unido ou os EUA são referenciados
no relatório norte-americano como economias que geram “muita preocupação” no que diz
respeito à lavagem de dinheiro. A Santa Sé, acrescenta, encontra-se num patamar
considerado menos grave, onde se elencam “países que são alvo de uma avaliação posterior
quanto à eficácia da legislação contra crimes financeiros”. O director da Sala
de Imprensa da Santa Sé observa que o relatório norte-americano não leva em linha
de conta a adesão, em janeiro deste ano, à convenção da ONU contra o crime organizado
transnacional e à convenção internacional para a repressão do financiamento do terrorismo,
bem como a ratificação da Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas,
por parte da Santa Sé.