Nova Evangelização: "Evangelii Nuntiandi" e ação evangelizadora da família – Igreja
doméstica
Cidade do Vaticano
(RV) - Amigo ouvinte, chegamos ao nosso espaço de formação e aprofundamento do
nosso programa, espaço este que no último dia 2 completou três anos. Trata-se de um
espaço que – com seus vários quadros – busca responder ao nosso propósito não somente
de informar, mas também de formar, reservando um momento que seja, esperamos, também
de enriquecimento para todos nós.
E voltamos assim ao nosso encontro dedicado
à nova evangelização, como já ressaltado, "não um modismo na Igreja, mera elucubração
teológica, mas uma necessidade dos nossos tempos".
Na edição passada prosseguimos
nossa revisitação à "Evangelii Nuntiandi", Exortação Apostólica de 8 de dezembro de
1975. Nela o Papa Paulo VI recolhe os resultados da Terceira Assembléia Geral Ordinária
do Sínodo dos Bispos, realizada de 27 de setembro a 26 de outubro de 1974, dedicada
ao tema "A evangelização no mundo moderno".
O Papa Montini nos fala dos tempos
novos da evangelização, prefigurando e preparando o terreno para a nova evangelização.
Efetivamente, nas últimas décadas tem-se falado inclusive da urgência da nova evangelização,
um dos grandes desafios para a Igreja no mundo inteiro.
Recordamos que a nova
evangelização ganhou força no Pontificado de João Paulo II, merecendo não menos atenção
do atual Pontífice. De fato, Bento XVI convocou a XIII Assembléia Geral do Sínodo
dos Bispos, que terá como tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã,
a realizar-se, no Vaticano, de 7 a 28 de outubro deste ano.
"Retomando a reflexão
até agora realizada sobre o tema, a Assembleia sinodal terá por objetivo analisar
a situação atual nas Igrejas particulares, para traçar, em comunhão com o Santo Padre
Bento XVI, Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja, novas formas e expressões da
Boa Notícia que devem ser transmitidas ao homem contemporâneo com renovado entusiasmo,
próprio dos santos, alegres testemunhas do Senhor Jesus Cristo, «Aquele que era, que
é e que há de vir» (Ap. 4, 8). É um desafio a retirar, como o escriba que se tornou
discípulo do Reino dos céus, coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro da
Tradição (cf. Mt. 23, 52)" (prefácio dos Linementa).
É também nesse
sentido (de retirar coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro de que dispomos)
que se insere a nossa revisitação a alguns documentos magisteriais pertinentes à missionariedade
da Igreja, como estamos fazendo, nesta fase com a "Evangelii Nuntiandi".
Ressaltamos
que estamos nos ocupando do capítulo VI da Exortação Apostólica, capítulo este que
trata dos "obreiros da evangelização".
Ao tratar da obra da evangelização,
o capítulo em questão fala de "tarefas diversificadas": o texto passa a recordar,
em breves palavras, essas tarefas, começando pelo sucessor de Pedro (nº 67), para
depois tratar dos bispos e sacerdotes (nº 68), os religiosos (nº 69), os leigos (nº
70) – deste último nos ocupamos na edição passada.
Na edição de hoje trazemos
o nº 71, que prossegue descrevendo as diferentes tarefas evangelizadoras ocupando-se
da família. Diz o breve texto:
Família
71. "No conjunto daquilo
que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar de pôr em realce a
ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história da Igreja, ela mereceu
bem a bela designação sancionada pelo Concílio Ecumênico Vaticano II: "Igreja doméstica".(106)
Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos aspectos
da Igreja inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser
um espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia. No
seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma família
evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente comunicam aos filhos o Evangelho,
mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E uma família assim
torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que ela se
insere. Mesmo as famílias surgidas de um matrimônio misto têm o dever de anunciar
Cristo à prole, na plenitude das implicações do comum batismo; além disso, incumbe-lhes
a tarefa que não é fácil, de se tornarem artífices da unidade."
De fato,
na reunião do 12º Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, realizada
dias atrás (16.02), no Vaticano, os cardeais e prelados participantes, ao examinarem
o esboço do Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) do próximo Sínodo,
identificaram que a "crise da fé" atual é, também, uma "crise de transmissão" da própria
fé. Desafio que olha, sobretudo, para a família, definida "o lugar originário da transmissão
da fé", quer no que tange ao conteúdo, quer no que diz respeito a questões práticas.
Amigo
ouvinte, por hoje nosso espaço já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!
(RL)