Caritas apresenta relatório sobre "rosto feminino da migração"
Roma (RV) - Hoje em dia, emigram mais mulheres do que nunca e o fazem em busca
de uma vida melhor. Todavia, a Caritas Internacional denuncia que não existem sistemas
eficazes para evitar a exploração e os maus-tratos. Num relatório publicado nesta
quarta-feira, 7 de março, a Caritas afirma que os governos e os serviços sociais que
se ocupam dos migrantes necessitam abordar as necessidades específicas das mulheres
que decidem sair de seus países.
Em seu relatório ("O rosto feminino da migração:
incidência e melhores práticas para as mulheres que emigram e as famílias que ficam
para trás"), a Caritas documenta os desafios que mais de 100 milhões de mulheres devem
enfrentar ao sair de seus países e viajar sem suas famílias. Algumas encontram melhores
trabalhos, oportunidades de formação e mais liberdade. Todavia, com demasiada frequência,
durante a viagem ou após sua chegada ao país de destino, são enganadas, maltratadas,
violentadas ou discriminadas.
"É preciso mudar urgentemente nossa maneira
de pensar a emigração feminina, porque os sistemas existentes fracassam ao não protegê-las",
afirma Martina Liebsch, da Caritas Internationalis.
"Com frequência, afirma
ela, os maus-tratos às mulheres migrantes são invisíveis. Ocorrem em domicílios privados,
na quais têm jornadas de trabalho muito longas e são injustamente remuneradas. Ou
acabam caindo nas mãos de traficantes de pessoas, que as obrigam à prostituição. Muitas
vezes, os contratos de trabalhos são semelhantes à escravidão."
A Caritas
pede que as mulheres possam emigrar em condições de segurança e proteção. Exige que
os países adotem medidas para protegê-las, incluindo assessoria antes que deixem o
país, um registro de refugiados e inspeções no local de trabalho.
Outra preocupação
da Caritas são as famílias que ficaram para atrás, as mães que se separam de seus
filhos ao emigrar: "Muitas mulheres deixam seus filhos em seu país às vezes para cuidar
dos filhos de outras pessoas no exterior. Os filhos das migrantes ficam com outros
familiares e crescem sem suas mães. Precisamos de políticas que permitam às famílias
permanecer unidas ou, pelo menos, que ofereçam proteção social às crianças que ficam
para trás", afirma Liebsch, que conclui:
"As mulheres migrantes não são vítimas
por sua própria natureza, mas por causa de sistemas injustos, preconceitos e maus-tratos.
Chegou a hora de avaliar sua contribuição para a sociedade, fazendo políticas de migração
que as defendam e protejam". (BF)