Cidade
do Vaticano (RV) - Esta quarta-feira de sol marcou o retorno das audiências semanais
do Papa à Praça São Pedro. Milhares de fiéis participaram do encontro, alegrando e
colorindo a praça com cantos e bandeiras.
Concluindo sua série de catequeses
sobre a oração de Jesus na cruz, Bento XVI abordou hoje o tema da Palavra e do Silêncio,
que interessam duplamente nossa vida de oração: antes de tudo, precisamos do silêncio
interior e exterior para ouvir a Palavra de Deus, para que sua mensagem permaneça
em nós.
Em segundo lugar, o Papa explicou que o silêncio de Deus diante de
nossa oração não deve ser visto como um sinal de ausência, pois sabemos que o Senhor
está presente e escuta, mesmo nas trevas da dor, do rechaço e da solidão: “Jesus nos
conhece em nosso íntimo e nos ama, e isto deve ser suficiente” - garantiu.
Bento
XVI concluiu que Jesus “é nosso maior professor de oração; com ela, nós aprendemos
a conversar intimamente com nosso Pai no Céu como filhos e filhas. É neste diálogo
filial que reconhecemos os vários dons de Deus e obedecemos aos seus desígnios, que
dão significado e direção às nossas vidas”.
Como sempre, o Pontífice resumiu
sua catequese em várias línguas. Em português, estas foram as suas palavras:
“Queridos
irmãos e irmãs,
Na conclusão da reflexão sobre alguns aspectos da oração
de Jesus, é necessário tratar de um elemento importante da Sua relação com o Pai do
Céu: o silêncio. Na Cruz vemos que o silêncio de Jesus é a sua última palavra ao Pai,
mas vemos também como Deus fala através do silêncio. De fato, a dinâmica feita de
palavra e silêncio, que caracteriza a oração de Jesus, manifesta-se também na nossa
vida de oração em duas direções. Por um lado, nos ensina que a escuta e o acolhimento
da Palavra de Deus exigem o silêncio interior e exterior, afastando-nos de uma cultura
barulhenta que não favorece o recolhimento. Por outro lado, há também o silêncio de
Deus na nossa oração, que muitas vezes gera em nós a sensação de abandono. Mas, olhando
para o exemplo de Cristo, sabemos que esse silêncio não é ausência: Deus está sempre
presente e nos escuta. E, assim, podemos dizer que Jesus nos ensina a rezar, não só
com a oração do Pai nosso, mas também com o exemplo da sua própria oração, indicando-nos
que temos necessidade de momentos tranqüilos vividos na intimidade com Deus, para
escutarmos e chegarmos à «raiz» que sustenta e alimenta a nossa vida.
Queridos
peregrinos vindos do Brasil e de outros países de língua portuguesa: sede bem-vindos!
Pedi sempre confiadamente ao Senhor de poder viver o caminho da vossa oração filial,
aprendendo diariamente de Jesus como deveis dirigir-vos a Deus. E que as Suas bênçãos
desçam sobre vós e vossas famílias!”.
Encerrando a audiência, Bento XVI
saudou Sua Beatitude Nerses Bedros XIX Tarmouni, Patriarca da Silícia dos Armênios
Católicos e os Bispos que vieram a Roma de vários continentes para participar do Sínodo.
O Papa agradeceu-lhe sinceramente pela fidelidade ao patrimônio de sua longa tradição
cristã e ao Sucessor de Pedro, e assegurou que seguirá com suas orações e bênçãos
o andamento do Sínodo.
“Desejo que os trabalhos sinodais favoreçam ainda
mais a comunhão e a concórdia entre os Pastores, para que saibam orientar com renovado
ardor evangélico os católicos armênios nos caminhos do generoso e alegre testemunho
a Cristo e à Igreja. Também estendo minha atenção às regiões do Oriente Médio, encorajando
o clero e os fiéis a perseverar com esperança, mesmo em meio aos sofrimentos que afligem
aquele querido povo”. (CM)