Panamá (RV) – O Governo do Panamá e as lideranças indígenas Ngäbe Buglé concordaram
nesta segunda-feira suspender temporariamente o polêmico projeto da hidrelétrica Barro
Blanco, cuja construção está parcialmente prevista nas terras desta etnia, até que
se revise o plano técnico de impacto ambiental. Foi também concordada uma perícia
independente, posterior à revisão.
O Governo e os líderes indígenas anunciaram
a decisão num comunicado lido pelo mediador, bispo da cidade de David, Dom José Luis
Lacunza, depois da sessão de diálogo.
O diálogo, suspenso até segunda-feira,
12, recomeçará ao redor da criação de uma lei que crie um regime especial para a exploração
dos recursos minerais e hídricos na comarca Ngäbe Buglé, que finalmente deverá ser
aprovada pelo parlamento panamenho.
A usina de Barro Blanco, de capital centro-americano,
ocupa 6,8 hectares deste território. O Executivo panamenho apresentou uma proposta
que garante a proteção dos recursos hídricos, mas os indígenas insistem que a obra
deve ser eliminada, assim como os dois outros projetos anunciados pelo Governo.
O
Governo se comprometeu em modificar a lei extrativista para proibir expressamente
a mineração na comarca, depois dos violentos incidentes de 5 de fevereiro para despejar
a rodovia Interamericana, que ficou interditada por seis dias. As desordens deixaram
dois mortos e dezenas de feridos.
Há um mês destes incidentes, nesta segunda-feira
se realizaram vigílias em memória das vítimas. Organizações panamenhas defensoras
de direitos humanos denunciaram 14 violações de garantias fundamentais dos participantes
dos protestos, assim como o estupro de 3 mulheres indígenas. (CM)