Nicarágua: Apelo da Igreja por melhores condições no sistema carcerário
Juigalpa (RV) - O Presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, Dom Sócrates
René Sándigo Jirón, Bispo de Juigalpa, lançou um apelo ao Ministério do Interior para
que considere seriamente a situação dos detentos, cujos Direitos Humanos são violados.
Dom
Sándigo destacou que o que aconteceu na prisão "Puertas de la Esperanza" em Esteli,
deveria ser levado em consideração para evitar outro incidente semelhante. Em 24 de
fevereiro, 11 pessoas ficaram feridas numa revolta dos detentos em Estelì, 150 km
ao norte de Manágua. O motim foi desencadeado pelas palavras de um político, que declarou
que os detentos vivem nas prisões como num hotel, enquanto a revolta dos prisioneiros
era justamente para protestar contra as deploráveis condições em que se encontram
nesta prisão.
Segundo dados oficiais divulgados pela imprensa, na Nicarágua
existem 8.199 detentos em oito centros penais com uma capacidade máxima de 4.724 prisioneiros,
o que demonstra uma superlotação de 73,5%.
"Estamos preocupados porque as prisões
estão cheias, o números de detentos supera a capacidade de acolhimento e não se encontram
certamente nas melhores condições, isso pode causar um 'efeito dominó' e sabemos que
as consequências podem chegar até mesmo à morte. Eis o motivo do nosso apelo, feito
já anteriormente, para que prestem atenção a tudo isso para evitar uma catástrofe
que pode nascer em qualquer prisão do país", reiterou o Presidente da Conferência
Episcopal, falando para a televisão local.
Diante desta situação, segundo as
informações coletadas pela Agência Fides, o Bispo pediu às autoridades carcerárias
de "Puertas de la Esperanza" que não ajam contra os detentos que guiaram a revolta,
enquanto isso poderia causar novas tensões e, portanto, levar a novos problemas.
"Consideramos
que não haverá represálias contra os detentos em revolta, mas é preciso olhar para
o fato como um convite ao governo a dar uma resposta positiva. Estamos disponíveis
a ajudar este processo de renovação", disse Dom Sócrates René Sándigo Jirón. (BF)