Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": vida consagrada é meio privilegiado de
evangelização eficaz
Cidade do Vaticano
(RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal dedicado à "Nova Evangelização",
desafio pastoral para a Igreja no início deste terceiro milênio, solicitada a ter
"a coragem de ousar novos caminhos, para atender às mudanças de condições dentro das
quais ela é chamada a viver hoje o anúncio do Evangelho" (Lineamenta, nº 5).
Justamente
para discutir, debater e refletir sobre essa coragem de ousar novos caminhos, que
em outubro deste ano bispos do mundo inteiro se reunirão no Vaticano, de 7 a 28 do
referido mês, para a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cujos trabalhos
serão norteados pelo tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".
A
nova evangelização busca, justamente, ousar esses novos caminhos para o anúncio do
Evangelho ao homem de hoje, mantendo "inalterável o conteúdo da fé", bem sabendo que
Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Para isso, a nova evangelização propõe-se
como "nova em seu ardor, em seus métodos, em suas expressões", para usar palavras
de João Paulo II, sobretudo, no seu Magistério dirigido às Igrejas na América Latina
(discurso à XIX Reunião do CELAM, 09 de março de 1983).
E passamos à
nossa revisitação à "Evangelii Nuntiandi", de 1975, do Papa Paulo VI. Ressaltamos
que estamos nos ocupando do capítulo VI da Exortação Apostólica, capítulo este que
trata dos "obreiros da evangelização".
Ao tratar da obra da evangelização,
o capítulo em questão fala de "tarefas diversificadas": "Toda a Igreja é chamada para
evangelizar; no seu grêmio, porém, existem diferentes tarefas evangelizadoras que
hão de ser desempenhadas. Tal diversidade de serviços na unidade da mesma missão é
que constitui a riqueza e a beleza da evangelização" (Cfr. EN 66).
O
texto passa a recordar, em breves palavras, essas tarefas, começando pelo sucessor
de Pedro (nº 67) e os bispos e sacerdotes (nº 68), deste último nos ocupamos na edição
passada.
Na edição de hoje trazemos o nº 69, que prossegue descrevendo as diferentes
tarefas evangelizadoras ocupando-se dos religiosos. Diz o texto:
Religiosos
69.
"Os religiosos, por sua vez, têm na sua vida consagrada um meio privilegiado de
evangelização eficaz. Pelo mais profundo do seu ser, eles situam-se de fato no dinamismo
da Igreja, sequiosa do Absoluto de Deus e chamada à santidade. É dessa santidade que
dão testemunho. Eles encarnam a Igreja desejosa de se entregar ao radicalismo das
bem-aventuranças. Eles são, enfim, pela sua mesma vida, sinal de uma total disponibilidade
para Deus, para a Igreja e para os irmãos. E em tudo isto, portanto, têm os religiosos
uma importância especial no quadro de testemunho que, conforme frisamos em precedência,
é primordial na evangelização. Este seu testemunho silencioso, de pobreza
e de despojamento, de pureza e de transparência, de entrega para a obediência, pode
tornar-se, ao mesmo tempo que uma interpelação para o mundo e para a própria Igreja,
uma pregação eloqüente, capaz de tocar o coração mesmo dos não-cristãos de boa vontade,
sensíveis a certos valores. Com uma tal perspectiva, fácil se torna adivinhar
o papel desempenhado na evangelização pelos religiosos e pelas religiosas consagrados
à oração, ao silêncio, à penitência e o sacrifício. Outros religiosos, em grande número,
dedicam-se diretamente ao anúncio de Cristo. A sua ação missionária dependerá, evidentemente,
da hierarquia e deve ser coordenada com a pastoral que a mesma hierarquia deseja pôr
em prática. Mas, quem é que não avalia a imensa quota-parte com que eles têm contribuído
e continuam a contribuir para a evangelização? Graças à sua consagração religiosa,
eles são por excelência voluntários e livres para deixar tudo e ir anunciar o Evangelho
até as extremidades da terra. Eles são empreendedores, e o seu apostolado é muitas
vezes marcado por uma originalidade e por uma feição própria, que lhes granjeiam forçosamente
admiração. Depois, eles são generosos: encontram-se com freqüência nos postos de vanguarda
da missão e a arrostar com os maiores perigos para a sua saúde e para a sua própria
vida. Sim, verdadeiramente a Igreja deve-lhes muito!"
De fato, o texto
se conclui, após evidenciar a singular importância dos religiosos na obra da evangelização,
reconhecendo, justamente, o quanto a Igreja lhes é devedora.
Amigo ouvinte,
por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser. Até lá! (RL)