2012-02-25 11:48:07

Editorial: Vida para o povo da Síria


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 No último dia 12 de fevereiro, durante a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro o Papa Bento XVI lançou um apelo ao governo da Síria para que reconheça as legítimas aspirações de seu povo e embarque em um diálogo nacional para acabar com a violenta repressão às manifestações, que já matou milhares de pessoas desde o início no último mês de março. O Papa expressou a preocupação que está no coração e mente de milhões de pessoas que dentro e fora do país anseiam pela paz em uma nação cuja cultura milenar está presente em muitas sociedades dispersas pelos quatro cantos do planeta. Até o momento o apelo caiu no vazio e a luta interna continua ceifando a vida de muitas pessoas, entre as quais crianças. O povo sofre as conseqüências de um conflito cada vez mais preocupante.

Nesta sexta-feira, a comunidade internacional, representada por mais de 50 países, com a exceção da Rússia, se reuniu na Tunísia para lançar uma mensagem forte e clara ao regime sírio para que “pare com as violências”. Mais um ato de pressão para que o regime de Assad inicie um diálogo com a oposição que ganhou as ruas do país. Outro pedido, a criação de uma área de proteção dentro da Síria, onde concentrar o acesso às ajudas humanitárias a uma população extremada.

Neste cenário o grito de alerta também das minorias que vivem há séculos neste país; entre elas os cristãos que, ameaçados pelos conflitos, tentam fugir do país. Eles se sentem indefesos diante da onda de violência disse o Arcebispo caldeu de Aleppo, Dom Antoine Audo: “Nós cristãos somos os mais fracos do ponto de vista psicológico e de autodefesa. Para muitos a única salvação é a fuga”.

Mas apesar do medo o trabalho da Igreja Católica no país continua, como continua a sua proximidade àqueles que sofrem. A Caritas Síria lançou em Homs, uma das cidades mais atingidas pelas violências, um programa de ajuda para 500 famílias, 400 cristãs e 100 muçulmanas. Num período de seis meses cada núcleo familiar receberá alimentos e bens de primeira necessidade num valor de 600 dólares. É a demonstração eficaz da proximidade àqueles que sofrem e vivem a tristeza do conflito entre irmãos.

As notícias que chegam todos os dias daquele país, infelizmente informam sobre mais mais repressão, mais violência, mais vidas perdidas, mais massacres. O que significa que é um dever para todos os homens de boa vontade, fazer tudo para que a comunidade internacional se comprometa e busque definitivamente uma solução para a Síria e que finalmente tenha início um processo de transição político, negociado e pacífico. A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 8.500 pessoas já morreram no país em decorrência dos confrontos que ocorrem há 11 meses. Os manifestantes protestam contra a permanência do presidente sírio, Bashar Al Assad, no poder. Ele é denunciado por transgressão aos direitos humanos e princípios democráticos.

O que está ocorrendo na Síria é inaceitável para a Humanidade. Já o Secretário da ONU, Ban Ki-moon afirmou que “a ausência de um acordo no Conselho de Segurança não dá às autoridades sírias licença para intensificar os ataques contra o povo. Nenhum governo pode cometer tais atos contra seu povo sem que sua legitimidade seja erodida". O regime de Assad se defende dizendo que, na verdade, combate terroristas armados, e não manifestantes pró-democracia.

A comunidade internacional não pode ficar inerme diante do grande sofrimento do povo sírio e precisa impulsionar as autoridades políticas locais, a privilegiarem a via do diálogo, da reconciliação e do compromisso pela paz. Fazendo eco às palavras de Bento XVI, é urgente responder às legítimas aspirações dos diversos componentes daquela nação, bem como os esforços da comunidade internacional, preocupada com o bem comum de toda a sociedade e da região”. É imperativo salvar um povo que padece a lógica do poder. (SP)







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