Bento XVI: "A cinza é um daqueles sinais materiais que levam o cosmo para dentro da
Liturgia"
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa presidiu, ontem, Quarta-feira de Cinzas, a
celebração da Santa Missa, na Basílica de Santa Sabina, em Roma. A Quarta-feira de
Cinzas marca o início do período de 40 dias da Quaresma.
Na sua homilia o Papa
recordou que a cinza é um daqueles sinais materiais que levam o cosmo para dentro
da Liturgia. Os sinais materiais principais são, evidentemente, os dos Sacramentos:
a água, o óleo, o pão e o vinho, que se tornam verdadeira matéria sacramental, instrumento
mediante o qual se comunica a graça de Cristo que nos alcança.
No caso da
cinza – disse o Papa -, se trata, ao invés, de um sinal não sacramental, mas, mesmo
assim, ligado à oração e à santificação do Povo cristão: de fato, é prevista, antes
da imposição sobre a cabeça, uma bênção específica das cinzas, com duas fórmulas possíveis.
Na primeira elas são definidas “símbolo austero”; na segunda se invoca diretamente
sobre elas a bênção e se faz referência ao texto do Livro do Gênesis, que pode inclusive
acompanhar o gesto da imposição: “Recorda-te que és pó, e em pó te hás de tornar”
(Gen 3,19).
Portanto, - destacou ainda o Papa - o sinal da cinza nos reconduz
ao grande afresco da criação, em que se diz que o ser humano é uma singular unidade
de matéria e de sopro divino, mediante a imagem do pó da terra plasmada por Deus e
animada por seu sopro.
Referindo-se às consequências do pecado de Adão e Eva,
narradas no Gênesis, o Papa frisou que quando Deus diz ao homem: "Tu és pó e pó voltarás
a ser!", junto com a justa punição pretende também anunciar um caminho de salvação,
que passará justamente mediante a terra, mediante aquele "pó", aquela "carne" que
será assumida pelo Verbo.
É nessa perspectiva salvífica que a palavra do Gênesis
é retomada pela Liturgia da Quarta-feira de cinzas: como convite à penitência, à humildade,
a dar-se conta da própria condição mortal, mas não para cair no desespero, mas para
acolher, justamente nessa nossa mortalidade, a impensável proximidade de Deus, que,
para além da morte, abre a passagem para a ressurreição, para o paraíso finalmente
reencontrado. (SP)