Cardeal Odilo Scherer: "Longa vida para a Rádio Vaticano!"
Cidade
do Vaticano (RV) - Nos dias 14 e 15 de fevereiro, o Conselho de Cardeais se reuniu
no Vaticano para o estudo das questões econômicas e de organização da Santa Sé.
Segundo
o estabelecido pela constituição apostólica “Pastor Bonus”, promulgada por João Paulo
II em 1988, o Conselho compõe-se de 15 cardeais, nomeados por cinco anos pelo Pontífice,
escolhidos dentre os bispos das Igrejas particulares de diversas partes do mundo,
e é presidido pelo Secretário de Estado. O Brasil está representado pelo arcebispo
de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer.
A Santa Sé inclui os dicastérios,
organismos anexos, nunciaturas e o Estado da Cidade do Vaticano - que tem uma administração
independente - onde está a Basílica de São Pedro e, entre outros, os Museus do Vaticano.
Os
cardeais membros do Conselho se reúnem duas vezes por ano: uma para tratar do orçamento
e outra para apresentar um balanço final consolidado do ano sobre a administração
financeira da Santa Sé e do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, que tem
“uma administração autônoma e independente de contribuições da Santa Sé”.
O
Cardeal Odilo Scherer, entrevistado pelo Programa Brasileiro, explica:
“A
Santa Sé deve ser considerada como uma realidade ‘sui generis’ do ponto de vista econômico:
não é como outros países que possuem fontes de ingresso próprias para o sustento das
atividades de governo e da promoção do bem da população. Na verdade, o Vaticano, como
Estado, não tem propriamente população, mas há um conjunto de servidores que trabalham
em função do bem de toda a Igreja. Para começar, as quase 200 nunciaturas da Santa
Sé espalhadas pelo mundo, nos países e organizações internacionais. Todas estas nunciaturas
estão a serviço da missão da Igreja e naturalmente recebem sustento da Santa Sé. Por
outro lado, existem muitos servidores da Santa Sé na própria Cúria Romana, nos organismos
da Igreja, eles estão ao lado do Papa, servindo a Igreja no seu todo. Tudo isso representa
uma despesa bastante alta. Além dos serviços dos meios de comunicação, como a RV,
que representam uma despesa que precisa ser coberta com alguma fonte. A Santa Sé tem
no fluxo de ingresso alguns alugueis na cidade de Roma; existe também alguma produção
própria, através do pequeno comércio que existe dentro da Cidade do Vaticano. A principal
fonte de ingresso são as doações dos fiéis. Aqui mesmo no Vaticano, nos Museus, as
visitas são muitas. Soube que o Museu do Vaticano é o 3º ou 4º maior do mundo em número
de visitantes. E naturalmente, também o Óbolo de S Pedro, as coletas em todas as Igrejas,
como a coleta para as Missões, ajudam a Santa Sé a cumprir a sua missão e a cobrir
as suas elevadas despesas, mas com a providência de Deus e a ajuda do povo, têm sido
cobertas”.
“Em alguns países, graças a Deus, verifica-se um aumento
nas doações. O Brasil é um deles, suas contribuições para a missão do Papa estão crescendo.
Em outros países, tradicionalmente contribuidores, na Europa e nos Estados Unidos,
está diminuindo, o que é bastante preocupante, porque significavam muito para equilibrar
as entradas e o balanço da Santa Sé”.
Para Dom Odilo, é importante que
a RV continue a se aprimorar, pois é a voz da Santa Sé e é preciso fazer ouvi-la.
“A
RV tem uma longa história, uma gloriosa história; hoje, naturalmente, com tantos outros
meios e recursos, certamente mudaram a adesão e o significado da RV em meio a tantos
novos meios. É importante, é bom que também se adapte a novas formas de comunicação.
É importante que a RV possa continuar a apresentar seu serviço à Igreja e encontre
também os meios para implementar as novas técnicas de comunicação pelo rádio, de modo
a atingir amplamente não só aqui perto, mas em todo o mundo e com meios mais adequados
do que no passado (onerosos e por vezes não mais usados). A RV certamente continua
importante como a voz da Santa Sé, que divulga o que acontece em Roma e no Vaticano,
a palavra do Papa, as notícias da Igreja em todo o mundo, que de Roma voltam para
o mundo inteiro, e recolhe notícias sobre a Igreja do mundo inteiro. Então, longa
vida à RV! É preciso fazer ouvir a voz da Igreja, sempre da melhor forma, para continuar
a ser a diferença entre tantas outras vozes”. (CM/SP)