"Missão do cardeal é ser lava-pés" - declara Dom João Braz de Aviz
Cidade
do Vaticano (RV) - Neste dia 18 de fevereiro, Dom João Braz de Aviz, nascido em
Mafra (SC) em 24 de abril de 1947, recebe o barrete cardinalício e se torna cardeal.
O atual Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de Vida Apostólica viveu sua infância na cidade de Borrazópolis e, aos onze anos,
em 1958, ingressou no Seminário São Pio X, dos padres do Pontifício Instituto para
as Missões Estrangeiras, na cidade de Assis, interior de São Paulo.
O jovem
seminarista estudou Filosofia no Seminário Maior Rainha dos Apóstolos em Curitiba,
e em Palmas, interior do Paraná. Depois, veio para Roma onde cursou a faculdade de
Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Foi ordenado sacerdote na Catedral
de Apucarana (PR) em 1972 e foi pároco, diretor espiritual, reitor, membro do Conselho
de Presbíteros, do Colégio de Consultores e Coordenador geral de pastoral da Diocese
de Apucarana, antes de retornar a Roma, para cursar o doutorado em Teologia Dogmática,
de 1989 a 1992. Em seguida, retornou ao Paraná.
Em 1994, foi nomeado bispo
auxiliar da Arquidiocese de Vitória (ES), onde ficou até 1998, quando foi transferido
como titular da Diocese de Ponta Grossa (PR). Em 2002, foi elevado à dignidade de
arcebispo, sendo nomeado para a Arquidiocese de Maringá.
Dois anos mais tarde,
em 2004, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Brasília, sucedendo ao Cardeal José
Freire Falcão. Em maio de 2010 foi o anfitrião do XVI Congresso Eucarístico Nacional
em Brasília, ano do cinquentenário da capital federal.
Em 4 de janeiro de 2011
foi nomeado pelo Papa Bento XVI Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida
Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Em 6 de janeiro de 2012, Bento XVI anunciou
seu nome dentre os 22 que a partir deste sábado, se tornam cardeais. Em entrevista
à RV, ele fala de sua emoção e do significado desta nova missão:
“A missão
do cardeal, a figura do cardeal: nós conhecemos a Igreja. Gostei muito de uma definição
que me chegou nestes dias de parte de um padre de uma das dioceses por onde passei,
dizendo que o cardeal deve ser como a dobradiça de uma porta, porque deve ser aquele
que permite ao Bom Pastor de deixar passar pela porta as ovelhas e isso ele deve fazer
perto do Santo Padre. Gostei muito da ideia: quer dizer ser alguém que faz com que
a porta se abra e se feche nos momentos certos, ou seja, estar em comunhão profunda
com o Santo Padre. Esta é uma função de responsabilidade muito grande, porque é colocada
perto do Papa, nas missões que o Papa dá a este cardeal e tabmbém nas missões que
ele já tem perto do Papa, seja estando em Roma, trabalhando na Cúria, ou estando nas
grandes igrejas pelo mundo afora, porque temos um grupo grande de cardeais trabalhando
em todo o mundo. Realmente vejo que é assim que temos que compor este sentido do cardinalato:
como realmente um serviço, não tanto como uma preciosidade, um ponto de visão de cima
para baixo, uma dignidade que depois te faz ser diferente dos outros. Este não é bem
o sentido. Há, sim, uma projeção, porque o cargo é importante, mas o ministério que
realizamos é o do lava-pés, e neste sentido, devemos estar atentos para caminharmos
com a Igreja com esta missão de serviço na cabeça; unidos ao corpo de cardeais, aos
demais bispos da Igreja, e sobretudo, ajudando o Santo Padre. Aqui em Roma, como é
importante criar um clima de confiança, de transparência – o Papa tem falado tanto
nisso – para que o Papa possa decidir as coisas com tranquilidade. É claro, ele não
depende do que um cardeal vai dizer, mas nós em tantos campos o informamos sobre muitas
coisas. Temos este trabalho de assessoria como missão. Sempre nos lembram, a respeito,
que o Cardeal, pela cor da roupa que usa, deve estar pronto, se preciso, a derramar
seu sangue pela Igreja, pelo Papa, por Jesus Cristo, sem titubear. Vamos ver se seremos
dignos disso”. (CM/SP)