Vaticano na ONU: comércio de armas não regulamentado cria violência e pobreza
Nova York (RV) - "A comunidade internacional precisa de um instrumento legal
forte, crível e eficaz, capaz de regulamentar e melhorar a transparência do comércio
de armas convencionais e de munições."
Foi o que disse o Observador Permanente
da Santa Sé na ONU, Dom Francis Chullikatt, em pronunciamento dia 13 do corrente na
quarta sessão – em andamento em Nova York – do Comitê preparatório para a Conferência
da ONU, prevista julho próximo, acerca do Tratado sobre o comércio de armas.
Um
comércio de armas "não regulamentado e não transparente devido à ausência em nível
internacional de sistemas eficazes de monitoração" provoca múltiplas consequências
no plano humanitário: o desenvolvimento humano – observou Dom Chullikatt – é desacelerado,
o risco de conflitos aumenta, os processos de paz são colocados em risco e se facilita
"o difundir-se de uma cultura de violência e de criminalidade".
Por isso –
explicou o representante vaticano –, é necessária "uma ação responsável, partilhada
por todos os membros da comunidade internacional", a fim de promover "a manutenção
da paz e da segurança internacional".
Recordando que essa ação responsável
chama em causa Estados, organizações internacionais e organismos não-governamentais,
o Observador Permanente da Santa Sé na ONU frisou que o princípio basilar do Tratado
sobre o comércio de armas deve ser a busca de "um mundo mais respeitoso da dignidade
da pessoa e do valor da vida humana".
Os critérios de aplicação do Tratado
devem manter referências aos direitos humanos, ao direito humanitário e ao desenvolvimento,
campos em que "o impacto do mercado ilícito de armas é particularmente forte", acrescentou.
Deve-se,
por fim, dar "atenção à proliferação ilícita de armas, mediante a redução da procura".
Nessa
ótica parece oportuno introduzir no Tratado "referências a processos educacionais
e programas que - envolvendo todos os setores da sociedade, incluindo as organizações
religiosas – sejam voltados a promover uma cultura da paz", concluiu o Arcebispo Chullikatt.
(RL)