São José do Rio Preto (RV) - Sabiamente, em 1964, a Igreja instituiu a Campanha
da Fraternidade, com abrangência nacional, tendo como principal objetivo, evangelizar.
Isto acontece em sintonia com o tempo da quaresma, e constitui espaço privilegiado
de formação dentro da motivação proposta para cada ano.
Em 2012, o tema é:
“A fraternidade e a Saúde Pública”, e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra”
(Eclo 38, 8). A busca de saúde é uma urgência e uma das condições essenciais para
que a pessoa tenha dignidade. Por isto, todos têm direito aos meios públicos para
tratamento de saúde.
O grande objetivo da Campanha deste ano é refletir sobre
a realidade da saúde no país em vista de uma vida saudável. Sabemos que a vida, a
saúde e a doença são um mistério, verdadeiros dons de Deus, ambas relacionadas à ordem
corporal e à espiritual, necessitando sempre de cura.
Ninguém escolhe ser doente.
A doença se impõe. Mas buscamos a saúde e bem estar físico, psíquico, social e espiritual.
Temos que ver a doença como oportunidade de evidência de valores contidos na pessoa.
Podemos falar de igualdade, solidariedade, justiça, participação cidadã etc. Na
defesa de uma vida sadia e saudável, o empenho de solidariedade é fundamental. Todas
as forças da sociedade devem ser canalizadas em benefício da saúde e de uma vida mais
saudável. Há o papel imprescindível do Estado, da Igreja e de cada cidadão, cada um
a seu modo trabalhando pela qualidade de vida das pessoas.
A saúde deve ser
uma realidade concreta para as pessoas e a vida seja plenamente vivida em todas as
suas dimensões, seja a nível pessoal, como social. Por isto, a Campanha da Fraternidade
quer ser um sinal de esperança para o povo brasileiro, superando as fraquezas, valorizando
a vida no todo.
No passado, o que mais matava o povo eram as doenças contagiosas.
Hoje é a obesidade, o câncer, os vícios, as doenças de coração, a AIDS etc. Grande
parte de tudo isto tem relação forte com a alimentação e com o meio ambiente. São
realidades que afetam a vida, os costumes e o dia a dia das pessoas.
No Sistema
Único de Saúde, a saúde é vista como direito. Por isto, deve atender a todos, mas
tem sido uma das maiores fontes de desvios. Muito dinheiro da saúde é destinado para
outros fins. É uma proposta socialista, mas numa cultura capitalista, que valoriza
mais o dinheiro do que a saúde das pessoas.
O que falta muito é o acompanhamento
da comunidade organizada, a participação nos conselhos ligados à saúde, policiando
o destino do dinheiro público destinado para essa área. Para isto é importante a consciência
crítica das pessoas cobrando aquilo que é de direito. Só assim teremos uma realidade
nova e mais humana.
Por fim, a Campanha da Fraternidade é momento de reflexão
e conscientização sobre o que está acontecendo com a saúde pública. O que vemos é
a sua privatização, tendo em vista os diversos planos particulares, enfraquecendo
o sistema que deveria dar sustentação e vida de qualidade para todos.
Dom Paulo
Mendes Peixoto Bispo de São José do Rio Preto.