Sacerdote jesuíta Dall'Oglio: sírios são gratos pela solidariedade do Papa
Cidade do Vaticano (RV) - A longa agonia de Homs, localidade da Síria há semanas
sob ataque do exército de Damasco, não dá sinal de arrefecimento. Apesar de a Liga
Árabe ter pedido a interrupção imediata de assassinatos, sete pessoas foram mortas
na manhã desta terça-feira – segundo fontes dos ativistas anti-regime.
Enquanto
a chanceler alemã, Angela Merkel, ventila a hipótese de "novas sanções" contra a Síria,
o presidente chinês, Wen Jabao, convida a se evitar o risco de "guerra civil".
Neste
domingo, no Angelus, também Bento XVI fizera um forte apelo em favor do fim das violências
na Síria. Foram palavras acolhidas com gratidão pelo fundador da comunidade monástica
de Mar Musa, o sacerdote jesuíta Paolo Dall'Oglio, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Pe.
Paolo Dall'Oglio:- "Recebi a ligação de vários amigos para dar-me a notícia desse
apelo do Papa. Com certeza, é algo mais que positivo. É uma grande consolação para
os sírios, certamente para os cristãos católicos, mas também para todos os cristãos
e – diria – aliás, para todos os cidadãos sírios. O Papa tomou uma posição muito realista
e, ao mesmo tempo, evangélica. A questão importante, agora, é que essas palavras não
acabem se tornando somente um apelo feito de uma janela: o Papa não pode fazer tudo
sozinho; é chegado o momento em que os cristãos e todas as pessoas que querem o bem
da Síria devem agir."
RV: O senhor vê neste apelo do Pontífice um passo
ulterior da diplomacia da Santa Sé?
Pe. Paolo Dall'Oglio:-
"Espero realmente muito nisso. Semana passada pedi muito claramente – como vocês sabem
– e agora vejo que finalmente existe um ponto de partida muito interessante e que
desde esta segunda-feira caminha na direção das posições coerentes do Vaticano em
todos os momentos da crise. Não podemos, porém, deixar a Síria no impasse em que se
encontra. O Vaticano tem a vantagem de representar uma diplomacia que não tem nenhum
interesse particular: é uma diplomacia – podemos dizer – da gratuidade, que pode convencer
todas as partes em conflito. A experiência da Santa Sé no diálogo com o Islã, nos
últimos dez anos – o Islã sunita bem como o Islã xiita –, pode, inclusive, fazer de
modo que se faça ouvir: poderia permitir dizer palavras construtivas que sejam posteriormente
ouvidas por todos." (RL)