Futuro da África debatido pelo Conselho das Províncias anglicanas da África
(14/2/2012) “Não existe paz entre as nações sem a paz entre as religiões: a violência
trágica está a destruir as nossas comunidades”. A denuncia está contida no comunicado
do 11º encontro do Conselho das Províncias anglicanas da África (Capa), que se realizou
em Bujumbura, capital do Burundi.
Os representantes da Comunhão anglicana
do continente manifestam tristeza, preocupação e horror pela perseguição que sofrem
os cristãos pelas mãos dos fundamentalistas islâmicos em muitos países do mundo árabe,
na Nigéria e na Ásia. O Conselho defende que os cristãos e os islâmicos vivam juntos
e resolvam pacificamente as suas diferenças. Trata-se de fortalecer o diálogo religioso,
alicerçado na paz, na justiça e no acolhimento recíproco.
Quanto à Comunhão
anglicana – marcada por problemas relacionados com a questão teológica – o comunicado,
citado pelo Osservatore Romano, salienta que é preciso fortalecer a fraternidade
e a unidade, nas diferentes províncias africanas, onde as comunidades de fiéis anglicanos
se sentem isoladas e mais expostas aos perigos. Muitos são os desafios que devem
ser enfrentados: a fome, as doenças, as carências sanitárias, a crise humanitária
nos sangrentos conflitos e a necessidade de acolher os refugiados; o comércio de armas
no continente; a violência de maiorias contra as minorias religiosas; as adversidades
climáticas (secas – enchentes); o aumento de conflitos em diferentes países por causa
do aumento da pobreza e da falta de trabalho.
Diante dos males, das preocupações
e das antigas e novas exigências da África – no comunicado que resume os temas debatidos
no encontro –salienta-se a necessidade de “fortalecer também numericamente a comunhão
anglicana através de um novo impulso de evangelização”. E isto através do incremento
da formação permanente do clero e dos leigos comprometidos, garantindo uma maior participação
dos jovens na vida eclesial, através de uma leitura atenta da realidade, considerando
as múltiplas exigências próprias dos vários Países, como por exemplo a nova nação
do Sudão do Sul, a necessidade da solidariedade em relação aos cristãos do Sudão (norte)
e dos difíceis desafios atuais no Zimbábue e no norte da África.
Entre as
resoluções aprovadas – que incluem a aceitação do plano estratégico para os próximos
cinco anos da Comunhão anglicana na África, chamada “a participar na construção de
um futuro de esperança para todo o Continente”-, é de particular relevo o “fortalecimento
da colaboração recíproca entre as províncias anglicanas e a promoção da liderança
cada vez mais responsável e aberta na caridade”; a atenção particular à saúde com
assistência sanitária primária e com estratégias de prevenção contra o HIV e a SIDA;
e ainda a participação na gestão, em diferentes níveis de competências, dos enormes
recursos não aproveitados dentro do Continente.
Aprovadas também as resoluções
que interessam o fortalecimento das respostas às emergências sociais, às calamidades
naturais e do setor das comunicações sociais, indispensável para favorecer o conhecimento
recíproco e o fortalecimento dos laços de comunhão.