Aumenta preocupação por nova guerra no Sudão

El Obeid (RV) – O bispo de El Obeid, no Sudão, Dom Macram Max Gassis, denuncia a grave situação dos moradores de sua diocese, que se estende entre Sudão e Sudão do Sul, bombardeados no contexto do conflito inter-religioso entre os dois estados.

Em seu território, encontram-se também os montes Nuba, pertencentes ao Kordovan do Sul, estado do Sudão, onde se verificam constantes confrontos entre o exército de Cartum e o exército de Libertação do Povo Sudanês do Norte (SPLA).

O Sudão do Sul nasceu a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro de 2011, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.

Hoje, Dom Macram Max Gassis afirma à Agência Fides que “nenhum sacerdote, religioso ou médico abandonou o local: permanecem ali, demonstrando que, como diz Jesus, não há maior amor do que dar a vida pelos outros”. “Não é fácil permanecer sob o bombardeio constante e ver os corpos feridos de civis, sobretudo de crianças” – disse.

As tensões entre Sudão do Sul e Sudão aumentam a cada dia e o temor é que haja um conflito aberto entre os dois estados.

Diante disso, o bispo ressaltou que “o Sudão do Sul não quer mais conflitos; o problema é o Presidente Omar Bashir, que espera uma nova guerra. Depois de perder o sul, quer manter o controle sobre as áreas do Sudão que querem se liberar do governo central”.

Enfim, Dom Gassis relata o sofrimento da população civil em ambos os países e se diz preocupado pela Igreja, que “também teve suas vítimas, como o representante da Caritas diocesana assassinado em Kadugli, capital do sul de Kordovan, há cinco meses, um leigo fuzilado pelas tropas sudanesas”.
(CM)