Mali: milhares de pessoas afetadas pelo conflito no norte do país
Genebra (RV) - Pelo menos 30 mil pessoas deslocadas pelo conflito dentro de
Mali desde meados de janeiro estão vivendo em condições calamitosas. O CICV assiste
milhares de pessoas nessas condições e outras 15 mil deslocadas no país vizinho, Níger.
A organização também visita detidos e atende os feridos em Mali.
"Um grande
número de pessoas está fugindo da violência, às pressas, em completa pobreza", disse
o chefe da delegação regional do CICV para o Níger e Mali, Jürg Eglin. "Unimos forces
com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha de Mali e do Níger para proporcionar
alimentos e abrigo a essas pessoas e para melhorar seu acesso à água. As últimas avaliações
realizadas por nossa equipe no norte de Mali são particularmente alarmantes".
Em
Ménaka e arredores há 26 mil pessoas deslocadas e outras quatro mil nos arredores
de Aguelhoc
Em Aguelhoc, 150 quilômetros a nordeste de Kidal, no norte do país,
o feroz combate obrigou cerca de quatro mil pessoas a abandonares suas casas e fugirem
para aldeias vizinhas, onde a maioria da população já vive em condições muito difíceis.
"Algumas delas foram acolhidas por algumas famílias, mas a maioria teve de construir
uma espécie de abrigo improvisado sob o sol escaldante desta região semidesértica",
explicou Eglin. "Elas carecem desesperadamente de alimentos e perderam alguns animais
durante a fuga".
Junto com a Cruz Vermelha de Mali, o CICV prepara para distribuir
milho, arroz, óleo e sal, além de lonas, cobertores, esteiras para dormir, baldes,
utensílios domésticos e artigos de higiene para as pessoas deslocadas em Aguelhoc.
A Cruz Vermelha de Mali já fez uma distribuição emergencial de alimentos para 600
pessoas deslocadas cuja situação era particularmente preocupante.
Em Ménaka,
na região de Gao, os confrontos fizeram com que quase 26 mil pessoas abandonassem
suas casas em busca de segurança, tanto dentro como fora da cidade, segundo as estimativas
do CICV e da Cruz Vermelha de Mali.
O CICV também está avaliando a situação
em Tessalit, região de Kidal, e em Léré e Niafunké, na região de Timbuktu, que também
foi afetada pelo conflito no norte de Mali. Segundo fontes locais, cerca de 20 mil
pessoas ainda podem estar deslocadas nessas áreas.
"O objetivo agora é levar
assistência de forma adequada às pessoas deslocadas o quanto antes", disse Eglin.
"Temos de lidar com vastas distâncias e o clima árido, além das limitações relacionadas
com a segurança".
Visita aos detidos e assistência aos feridos
No
dia 5 de fevereiro, o CICV visitou 13 oficiais do exército malinês detidos por um
grupo armado no norte de Mali para verificar o tratamento que estão recebendo e as
condições em que estão sendo mantidos. Os detidos tiveram a oportunidade de escrever
mensagens para suas famílias.
"Continuaremos com nosso diálogo com todas as
pessoas envolvidas com o objetivo de obter acesso a todas as pessoas detidas", disse
Eglin. "Este diálogo continuo é também essencial para a segurança de nosso pessoal".
Água,
alimentos e abrigo para as pessoas que fugiram para o Níger
O conflito
que ocorre em Ménaka e Andéramboukane também fez com que mais de 15 mil pessoas de
Mali e do Níger buscassem refúgio no Níger, na região norte de Tillabéry, próxima
à fronteira com Mali. Em cooperação com a Cruz Vermelha do Níger, o CICV distribuiu
alimentos e outros artigos essenciais na área e trabalha para melhorar o acesso à
água.
As consequências humanitárias da violência no norte de Mali levam ao
limite uma parte do Sahel, atingida por recorrentes secas e crises alimentares. Diversos
governos e determinadas organizações humanitárias já alertaram sobre o perigo de uma
grande crise de alimentos e de forragem para o gado em 2012, consequência da perda
de colheitas e de áreas pastagem após a fraca temporada de chuvas.