2012-02-08 14:07:40

«Nunca mais» abusos sexuais, exige prefeito da Congregação para os Bispos. Em Roma uma vigília de oração para pedir perdão às vítimas


(8/2/2012) O cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, disse esta terça-feira em Roma que é intolerável haver “abusos de crianças” dentro da Igreja Católica.
“Nunca mais”, exigiu o responsável da Cúria Romana, que presidiu a uma ‘vigília penitencial’ para pedir perdão às vítimas de abusos sexuais por membros do clero ou em instituições eclesiais.
A celebração juntou participantes no simpósio internacional que decorre em Roma, até quinta-feira, com representantes de 110 conferências episcopais, e 30 ordens religiosas.
A iniciativa, com o tema ‘Rumo à cura e à renovação’, é organizada pela Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma, contando com o apoio da Santa Sé, em particular da Congregação da Doutrina da Fé que em 2011 solicitou aos episcopados católicos de todo o mundo a elaboração de diretivas próprias para tratar os casos de abusos sexuais, a serem entregues até final de maio deste ano.
“Esperamos sinceramente que o compromisso da Igreja para erradicar este grande mal possa favorecer a renovação, também nas outras comunidades e estruturas da sociedade”, declarou o cardeal Ouellet.
O prefeito da Congregação para os Bispos falou em “grande vergonha” e “enorme escândalo”, frisando que o gesto de “purificação” que se promoveu, simbolicamente, na vigília de oração, deve envolver “toda a Igreja”.
“O abuso sexual é um crime que causa uma experiência de morte aos inocentes”, alertou.
A cerimonia tinha começado com uma procissão silenciosa e encerrou-se com uma declaração simbólica de arrependimento por parte de sete representantes de membros da Igreja que enfrentaram de modo inadequado o problema da pedofilia: um bispo, um educador, um superior, um padre, um pai, um fiel e um cardeal (o próprio D. Ouellet).

Na conclusão, uma senhora irlandesa que quando adolescente foi vítima de abusos, Marie Collins, tomou a palavra diante da cruz e em nome das vítimas, rezou: “Senhor, ofendido pelos homens, homem de dores, para nós é difícil perdoar aqueles que nos fizeram mal; somente a tua graça nos pode conceder este dom; pedimos-te a força de unir-nos ao perdão que da cruz fizeste descer sobre a humanidade pecadora como uma consolação, para que a tua Igreja seja curada também com o nosso perdão. Perdoa-lhes”.
O coro entoou o 'Kyrie eleison'.
Os trabalhos do simpósio prosseguiram hoje com uma intervenção do promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé , organismo da Santa Sé, o qual afirmou que “a busca da verdade” nos casos de abusos sexuais é “um dever moral e legal”.
D- Charles Scicluna frisou que as leis da Igreja Católica nesta matéria são “claras”, mas admitiu que isso pode não bastar “para a paz e para a ordem da comunidade”.
Desde 2010, por decisão do Papa, é possível que o bispo de uma diocese ou o superior de uma congregação religiosa possam “impor limitações ao ministério” de quem é acusado, nas primeiras fases do procedimento.
O religioso brasileiro Edenio Valle abordou o tema ‘Religião, sociedade e cultura em diálogo’, afirmando a necessidade de “situar a crise interna que aflige a Igreja no contexto maior do que se passa hoje na sociedade e na cultura contemporâneas”.
Os responsáveis católicos, indicou, devem “discernir com maior objetividade e lucidez os elementos negativos e positivos que condicionam a vivência da sexualidade no mundo de hoje”.








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