Cidade
do Vaticano (RV) - Em seu encontro semanal com os fiéis, o Papa hoje fez uma dissertação
sobre os últimos momentos de Jesus na Cruz, assim como narrados nos Evangelhos em
grego, com inclusões do hebraico e aramaico.
Segundo São Marcos e São Mateus,
as seis horas de Jesus na cruz, sob os insultos dos céticos e a escuridão que cobriu
toda a terra, terminam com o grito de sua súplica: “Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonastes?”
Na audiência, realizada na Sala Paulo VI, o Papa explicou que
ao clamar, Jesus usa as palavras do início do salmo 22, que expressam o sentimento
de abandono e ao mesmo tempo, a certeza da presença de Deus em meio de nós. No momento
do sofrimento e do abandono, Jesus está confiante da proximidade do Pai.
Ao
assumir como seu este salmo do povo de Israel que sofre, Jesus carrega sobre si a
aflição de todos os homens oprimidos pelo mal e os leva até o coração de Deus, com
a certeza de que sua súplica será ouvida na ressurreição. Assim, no momento extremo,
quando Deus parece ausente e há silêncio ao redor, Jesus reza, abandonando-se em suas
mãos.
Bento XVI concluiu a catequese dizendo que “nós também, diante do ‘hoje’
do sofrimento, estamos diante do ‘hoje’ da Ressurreição!”.
Em português,
assim resumiu o Papa o texto de sua reflexão:
“Queridos irmãos e irmãs,
Pregado
na cruz, Jesus lança este grito: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» No momento
extremo da sua rejeição pelos homens, Ele reza, deixando transparecer tanto a solidão
do seu coração como a certeza da presença do Pai, a quem reafirma plena adesão aos
seus desígnios de salvação da humanidade. Mas, como é possível que Deus não intervenha
para libertar o seu Filho desta prova terrível? É importante compreender que a oração
de Jesus não é o grito de um desesperado, que se sente abandonado. Mas, ao rezar um
salmo de Israel - as palavras referidas são o início do salmo 22, Jesus toma sobre
Si o sofrimento do seu povo e de todos os homens oprimidos pelo mal e leva-o até ao
próprio coração de Deus, seguro de que o seu grito será atendido na ressurreição.
Enfim Jesus vive o seu sofrimento em comunhão connosco e por nós; é um sofrimento
que brota do amor e, por isso, já contém em si a redenção, a vitória do amor”.
Enfim,
o Pontífice dirigiu uma saudação aos brasileiros, de modo especial:
“Saúdo
os fiéis da arquidiocese de Porto Alegre e restantes peregrinos de língua portuguesa.
Sede bem-vindos! Com a sua ressurreição, Cristo abriu a estrada para além da morte;
temos a estrada desimpedida até ao Céu. Que nada vos impeça de viver e crescer na
amizade do Pai celeste, e testemunhar a todos a sua bondade e misericórdia! Sobre
vós e vossas famílias, desça a sua Bênção generosa”.
Em italiano, o Papa
cumprimentou os padres estigmatinos, que estão realizando seu capítulo em Roma, e
dentre outros, os sacerdotes participantes do seminário sobre o ministério pastoral
da direção de seminários, promovido pela Universidade da Santa Cruz, do Opus Dei.
E enfim, Bento XVI expressou sua proximidade com aqueles que foram atingidos
pelo mau-tempo destes dias em toda a Europa e exortou à solidariedade e à generosidade
no socorro às pessoas vítimas destes ‘trágicos eventos’.