2012-02-07 13:09:07

Abusos sexuais do clero: onde estão as causas? Ouça


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Roma (RV) - O simpósio aberto segunda-feira em Roma, intitulado “Rumo à cura e renovação”, tem um relator brasileiro: Pe. Edenio Valle, SVB, psicólogo e fundador do Centro ITA, Instituto Terapêutico “Acolher”, em São Paulo, que atende o clero e a vida religiosa com problemas psicológicos ligados a desvios sexuais.

Nos últimos anos foram denunciados milhares de casos de abusos contra menores nos Estados Unidos, Irlanda, Alemanha, Bélgica, Áustria, Itália, Austrália, Malta e Holanda, entre outros países.

Segundo Pe. Edenio, as causas deste fenômeno podem ser encontradas nas rápidas transformações sociais e no impacto que estas têm sobre o clero.

A mudança acelerada da sociedade pós-moderna neo-capitalista e dos valores culturais que ela propõe às multidões... como isso atinge as religiões? No clero de modo especial, porque o clero sofre o impacto destas transformações. A Igreja propõe modelos, que em minha opinião, devido a uma origem muito antiga, já não são mais capazes de dar todos os recursos que um padre, numa cidade como São Paulo, por exemplo, ou no interior da Amazônia, na beira de um rio, precisa para se manter um padre a serviço daquela cultura, e não só: sendo capaz de dar um sentido à sua afetividade, à sua sexualidade, mas colaborando para a cura e a renovação da própria sociedade, da própria cultura”.

“Nos três momentos em que a minha palestra vai se dividir, terei muito presente que os valores propostos pela Igreja para esta cura e renovação estão na linha do que o Papa Bento XVI propõe, mas a Igreja só terá credibilidade, só será aceita pela sociedade e ajudará as pessoas no nível do comportamento e cultura se primeiramente nós, dentro da nossa própria casa, a começar pelo clero, tivermos uma política clara na qual a visão e o valor que a Igreja dá à vida e à espiritualidade do padre encontrarem um embasamento psicossocial adequado”.

“O Papa Bento XVI vê que este problema está desmerecendo e está, sobretudo, levando a uma perda de prestígio religioso, ético, moral e político da Igreja Católica nos principais países católicos do mundo. No Brasil, na América Latina, este tema ainda não é tratado; a grande mídia toca no assunto, mas de uma maneira aberta. O Papa, com muita coragem, está abrindo uma discussão e propõe que em nível mundial, a Igreja discuta isso e parta para medidas e ações”.

“É preciso que em todos os campos: na família, na escola, na educação, na cultura, na mídia, tenhamos condições de ajudar o processo de formação humana, afetiva, sexual, religiosa e espiritual, daqueles que aderem à nossa Igreja, porque está havendo um êxodo maciço de católicos em toda a América Latina, e fortíssimo no Brasil. A Igreja Católica vai diminuir muito; em cidades como o Rio de Janeiro, só a metade da população se diz católica”.
(CM)







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