2012-02-06 12:28:06

Enviado da CNBB a Simpósio sobre abusos fala à RV


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Roma (RV) - Com a participação de representantes de 110 Conferências Episcopais do mundo, tem início segunda-feira, 6, na Pontifícia Universidade Gregoriana, o simpósio ‘Rumo à cura e à renovação’. Os trabalhos serão abertos pelo Cardeal William Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma das promotoras do encontro.

Estão presentes também os Superiores de mais de 30 ordens religiosas e cerca de 70 especialistas em direito canônico, psiquiatria e psicoterapia que trabalham com as vítimas de abusos e com os agressores.

Em declaração aos jornalistas, sexta-feira, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, observou que este será um “contributo específico” para ajudar a liderança da Igreja Católica a enfrentar estas situações.

Na agenda dos três dias de encontro e reflexão, a portas fechadas, estão previstas intervenções de especialistas em psicologia, direito canônico, teologia e pastoral da Igreja Católica. Uma vítima de abusos dará o seu testemunho, “falando aos delegados sobre a necessidade de escutar as vítimas e das mudanças necessárias para enfrentar melhor o problema”.

O prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet, vai presidir a uma “vigília penitencial”, pedindo o perdão das vítimas.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, enviou um representante para participar do simpósio: o frei carmelita Evaldo Xavier Gomes. Assessor de Direito Canônico da Conferência e pároco da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Belo Horizonte, o frei adianta aos ouvintes da RV o conteúdo de um documento elaborado para orientar o episcopado brasileiro sobre como proceder diante de denúncias de abusos. Para sua formalização, aguarda-se a aprovação da Santa Sé.

Frei Evaldo explica:

Este é um evento para o qual também foi convidada a CNBB. A presidência me indicou para representá-la, sobretudo porque a CNBB acaba de elaborar um documento para o episcopado no Brasil dando orientações sobre como proceder com relação aos abusos sexuais cometidos por membros do clero, especificamente por clérigos. O documento é muito bem elaborado, é pioneiro em sua divisão.

Este documento é dividido em cinco partes: a primeira trata dos aspectos psicológicos do problema dos abusos sexuais; a segunda parte trata dos aspectos canônicos que envolvem, seja a história da disciplina da Igreja com relação aos abusos de menores, seja a disciplina atual da Igreja, do direito canônico vigente. Aborda também os aspectos civis, do direito civil brasileiro. Em seguida, da relação entre o episcopado e a imprensa diante destes casos, que é sempre um problema gravíssimo. Este documento busca instruir o episcopado e os superiores religiosos sobre como relacionar-se com a mídia diante destes casos. Finalmente, aspectos pastorais: como lidar com este problema diante da pastoral da Igreja, da missão eclesial.

Enfim, aspectos gerais, que seriam como lidar com a pessoa, a pessoa que é vítima do abuso e com a que praticou o abuso sexual. Este é um problema muito grave, uma ferida na Igreja dos nossos tempos, uma ferida que vem à tona, que talvez tenha permanecida oculta, escondida durante séculos; seja pela disciplina seja pelo temor, pela omissão, por vários fatores, e agora vem à tona. Muita gente vê isso com maus olhos, eu acho que é muito bom. O doente só pode curar a sua doença se ele conhece a doença.

De certa forma, a Igreja descobre em si mesma uma espécie de câncer, uma doença a ser curada. Esta doença deve ser curada. O documento da CNBB insiste muito nisso: a oração, a fé, a esperança no amor de Deus como primeiro passo para a cura de todo o mal que existe na pessoa humana. Em síntese, esta mentalidade da Igreja, da nossa mentalidade como católicos. Sendo isso um grande mal, é importante que saibamos identificá-lo para poder combater e curar”.
(CM)








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