2012-02-05 17:25:15

Nova Evangelização e "Evangelii Nuntiandi": evangelizar, não um ato individual, mas profundamente eclesial


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, chegamos, mais uma vez, ao nosso momento de dedicar um espaço do nosso programa à nova evangelização. Como temos lembrado, este ano a Igreja viverá um momento particularmente importante. Trata-se da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, na qual pastores do mundo inteiro – representando a Igreja nos cinco continentes – se reunirão de 7 a 28 de outubro, no Vaticano, para refletir, debater e discutir em torno do tema da "Nova evangelização para a transmissão da fé cristã".

Certamente, um momento particularmente frutuoso para o Magistério da Igreja, em que os bispos, unidos ao Sucessor de Pedro, se concentrarão em torno desse desafio pastoral para a Igreja no terceiro milênio. Dele nascerá, a partir das proposições e texto final dos padres sinodais, a Exortação Apostólica pós-sinodal do Santo Padre.

Vale lembrar que "desde o Concílio Vaticano II até hoje, a nova evangelização se propôs, sempre com maior lucidez, como o instrumento graças ao qual confrontar-se com os desafios de um mundo em celerada transformação e como a via para viver, hoje, o dom de ser reunidos pelo Espírito Santo para fazer a experiência do Deus que é nosso Pai, testemunhando e anunciando a todos a Boa Nova – o Evangelho – de Jesus Cristo" – nos diz os Lineamenta, documento preparatório para o referido Sínodo, nº 1.

Prosseguindo nossa revisitação à Evangelii Nuntiandi, iniciamos, na edição passada, com o nº 59, o cap. VI da Exortação Apostólica pós-sinodal de 1975, do Papa Paulo VI, capítulo este que trata dos "obreiros da evangelização".

Como vimos, no nº 59, o documento magisterial pergunta: "quem é que tem a missão de evangelizar?", ressaltando que o Concílio Vaticano II respondeu claramente a esta pergunta: "Por mandato divino, incumbe à Igreja o dever de ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda a criatura", (82) E noutro texto o mesmo Concílio diz ainda: "Toda a Igreja é missionária, a obra da evangelização é um dever fundamental do povo de Deus".(83)

De fato, o texto reitera que sendo a Igreja inteira chamada a evangelizar, é ela toda inteiramente evangelizadora. Hoje trazemos o nº 60, intitulado "Um ato eclesial":

60 "O fato de a Igreja ser enviada e mandada para a evangelização do mundo, é uma observação que deveria despertar em nós uma dupla convicção.
A primeira é a seguinte: evangelizar não é para quem quer que seja um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial. Assim, quando o mais desconhecido dos pregadores, dos catequistas ou dos pastores, no rincão mais remoto, prega o Evangelho, reúne a sua pequena comunidade, ou administra um sacramento, mesmo sozinho, ele perfaz um ato de Igreja e o seu gesto está certamente conexo, por relações institucionais, como também por vínculos invisíveis e por raízes recônditas da ordem da graça, à atividade evangelizadora de toda a Igreja. Isto pressupõe, porém, que ele age, não por uma missão pessoal
que se atribuísse a si próprio, ou por uma inspiração pessoal, mas em união com a missão da Igreja e em nome da mesma.
Donde, a segunda convicção: se cada um evangeliza em nome da Igreja, o que ela mesma faz em virtude de um mandato do Senhor, nenhum evangelizador é o senhor absoluto da sua ação evangelizadora, dotado de um poder discricionário para realizar segundo critérios e perspectivas individualistas tal obra, mas em comunhão com a Igreja e com os seus Pastores.
A Igreja é ela toda inteiramente evangelizadora, como frisamos acima. Ora isso quer dizer que, para com o conjunto do mundo e para com cada parcela do mundo onde ela se encontra, a Igreja se sente responsável pela missão de difundir o Evangelho."

Como vimos até aqui, neste VI capítulo, intitulado "Os obreiros da evangelização", trata-se da questão dos sujeitos da evangelização.

De fato, faz-se no texto duas constatações basilares que vale a pena recalcar, brevemente: "evangelizar não é para quem quer que seja um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial"; como consequência, a segunda convicção: se cada um evangeliza em nome da Igreja, tal obra deve ser realizar "em comunhão com a Igreja e com os seus Pastores".

Efetivamente, o sujeito fundamental da evangelização é a Igreja como tal. E visto que a Igreja existe concretamente, isto é, em "cada parcela do mundo onde ela se encontra", a Igreja particular configura-se como tal em comunhão com as outras Igrejas particulares.

Amigo, ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)







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