Cidade do Vaticano (RV) - Campos com pouco trigo,
dias com pouca luz: aparentemente, esta parece ser hoje a realidade da vida consagrada,
segundo um quadro traçado pelo próprio Prefeito da Congregação para os Institutos
de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Dom João Braz de Aviz.
A
Igreja celebrou neste último dia 2 de fevereiro o Dia Mundial da Vida Consagrada,
proclamado pelo Beato João Paulo II. A pergunta que brota espontânea é como está hoje
a situação da vida consagrada? Qual o seu futuro? A evidência é que se registra em
quase todas as partes do mundo uma queda no número de consagrados e consagradas. Qual
seria então a causa ou o motivo dessa nova realidade?
Dom João Braz indica
que as relações interpessoais estão doentes. Não se sabe mais como se relacionar nem
como autoridade e obediência, nem como fraternidade. Tudo isso provoca um mal muito
grande, porque esta solidão que no mundo atual chamamos de individualismo, na comunidade
pode ser tornar "angústia".
Não por acaso, muitos consagrados e consagradas
saem dos institutos não porque não sentem a vocação, mas porque não se sentem mais
felizes na comunidade. Trata-se de um fenômeno que preocupa, porque num certo sentido
é algo novo, sendo ligado à globalização e à busca da felicidade humana. Para reverter
essa tendência, é preciso investir na educação e na formação.
As congregações
que elegem este âmbito estão levando adiante um trabalho com muitos frutos. Não se
trata somente de uma formação disciplinar e intelectual, que também é necessária,
mas uma formação que seja conduzida no modelo dos discípulos de Jesus. Um modelo que
implica um caminho de conversão e que jamais se esgota. Se a vida consagrada sente
hoje dificuldade em manifestar a sua beleza, agora é o tempo da fidelidade, porque
sabemos em que nós depositamos a nossa esperança.
É também um tempo de revisão
da nossa vida – afirma Dom João Braz de Aviz –, para ver se somos fiéis sobretudo
àquela inspiração inicial dos fundadores e fundadoras das ordens religiosas, para
saber o que eles trouxeram como luz para a Igreja. Fidelidade ao tentar entender a
cultura de hoje, isso poderia nos ajudar a voltar a viver com alegria a nossa vocação.
Caminhar juntos, o mais possível juntos. Ser sinal da luz que Jesus é para todos
os povos, esta é a missão de todos os consagrados. Que todos possam afinal voltar
a dizer para o mundo atual que Deus é amor.