Angelus: Na lógica de Deus autoridade não é poder, mas serviço. Papa reza pela paz
na Terra Santa
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI rezou ao meio-dia deste domingo a oração
do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro. Na alocução que precedeu
a oração mariana o Santo Padre recordou que a autoridade não é um poder, mas um serviço.
“Muitas
vezes para o homem a autoridade significa a posse, poder, dominação, sucesso. Para
Deus, no entanto - disse o Papa -, a autoridade significa serviço, humildade, amor,
significa entrar na lógica de Jesus, que se inclina para lavar os pés dos discípulos,
que busca o verdadeiro bem do homem, que cura as feridas, que é capaz de um amor tão
grande de dar a vida, porque Ele é Amor”.
Momentos antes Bento XVI recordou
o Evangelho deste domingo que apresenta Jesus que faz pregação na sinagoga de Cafarnaum,
a pequena cidade no lago da Galiléia onde viviam Pedro e seu irmão André.
Ao
seu ensinamento – continuou o Papa -, que desperta a admiração do povo, segue a libertação
de “um homem possuído por um espírito impuro”, que reconhece em Jesus o “Santo de
Deus”, isto é o Messias. Em pouco tempo, sua fama se espalhou por toda a região, que
ele percorre anunciando o Reino de Deus e curando os doentes de todos os tipos: palavra
e ação.
São João Crisóstomo observa como Jesus alterna o discurso em benefício
daqueles que ouvem, “passando dos prodígios às palavras, e passando novamente do ensino
da sua doutrina aos milagres”.
A palavra que Jesus dirige aos homens imediatamente
abre o acesso à vontade do Pai, à verdade de si mesmos. Além disso, à eficácia da
palavra, Jesus unia os sinais da libertação do mal. Santo Atanásio observa que “comandar
os demônios, expulsá-los não é obra humana, mas sim divina”.
“A autoridade
divina não é uma força da natureza. É o poder do amor de Deus que cria o universo
e, encarnando-se no Filho Unigênito, descendo à nossa humanidade, restaura o mundo
corrompido pelo pecado. Romano Guardini escreve: “Toda a vida de Jesus é uma tradução
do poder em humildade... é a soberania de quem se abaixa como servo”.
Bento
XVI recordou ainda que na próxima quinta-feira, dia 2 de fevereiro, celebraremos a
festa da Apresentação do Senhor, Dia Mundial da Vida Consagrada. Então pediu a intercessão
de Maria Santíssima para que “guie nossos corações na busca da misericórdia divina,
que liberta e cura a nossa humanidade, enchendo-a de toda graça e benevolência, com
o poder do amor”.
Nas saudações em várias línguas o Santo Padre destacou que
neste domingo, foi beatificada em Viena, Hildegard Burjan, leiga, mãe de família,
que viveu entre o século XIX e XX e fundadora da Sociedade das Irmãs da Caritas Socialis.
O Papa lembrou ainda que neste domingo comemoramos o Dia Mundial da Hanseníase.
“Ao saudar a Associação Italiana de Amigos de Raoul Follereau, gostaria
de estender o meu encorajamento a todas as pessoas atingidas por esta doença, bem
como também a todos os que os assistem e, em de muitos modos, se comprometem para
erradicar a pobreza e a marginalização, real causas da persistência do contágio”.
E
pediu paz para a Terra Santa:
“Recordo ainda o Dia Internacional de intercessão
pela paz na Terra Santa. Em profunda comunhão com o Patriarca Latino de Jerusalém
e o Custódio da Terra Santa, invocamos o dom da paz para esta terra abençoada por
Deus”.
Antes de se despedir dos fiéis e peregrinos o falando em italiano,
Bento XVI saudou os jovens da Ação Católica que, acompanhados pelo Cardeal Vigário
Agostino Vallini, com os seus educadores e familiares, deram vida à “Caravana da Paz”.
“Agradeço a todos vocês – disse o Papa – e os encorajo a levar em todos os lugares
a paz de Jesus”.
Duas crianças, um menino e uma menina, estiveram ao lado do
Papa na janela de seu escritório para a tradicional liberação de duas pombas. A menina,
Noemi, leu uma mensagem ao Papa na qual recordou o compromisso no âmbito da Associação
a refletir, também no silêncio, sobre o valor da paz, recordando as crianças que nascem
em situações difíceis. A menina contou sobre a iniciativa da criação de um Centro
de Detenção Alternativo à prisão para menores, na Bolívia. E ao Papa a menina pediu.
“Pedimos
ao senhor que reze junto conosco pelos nossos pais, educadores e sacerdotes, para
que nos ajudem a ser testemunhas e agentes de paz”.
O Papa liberou as pombas,
“como sinal de paz para a cidade de Roma e para o mundo inteiro” e visto que num primeiro
momento pareciam querem retornar para dentro do apartamento papal, brincando Bento
XVI disse: “Querem ficar na casa do Papa”. (SP)