Cidade do Vaticano (RV) - Casar ou não
casar, eis a questão levantada por São Paulo na segunda leitura de hoje. O judaísmo
dava muita importância ao casar-se, pois daí viriam os filhos que iriam ajudar ao
Povo de Israel ser uma realidade. As pessoas solteiras e viúvas eram olhadas como
anormais, pois não seguiam a vocação natural: casar e procriar.
O Cristianismo
viu no celibato um laço estreito e forte com aquilo que se relaciona imediatamente
com o Reino dos Céus. Ele permite à pessoa celibatária dedicar-se totalmente às coisas
do Reino dos céus.
Uma constrói o Reino deste mundo, a outra, o celeste. Muitos
sentem que não lhes cabe alternativa senão consagrar-se à vida religiosa ou sacerdotal,
pois querem o mais, querem apenas cuidar da realidade futura. Outros, reconhecendo
a beleza da vida matrimonial e de ter filhos, sentem-se chamados a construir uma família.
Mas
para aquele e para aquela que vê a beleza das duas vocações, que deseja fazer a vontade
do Senhor, que não quer seguir os apelos carnais, o que fazer?
Tudo é bom porque
tudo leva para Deus, contudo para alguns, uma dessas duas opções é melhor do que a
outra. Não se trata de uma visão teórica do que seja melhor, mas sim de uma adesão
à vocação, ao chamado de Deus, àquilo que nos fará mais felizes, mais pessoas realizadas.
São
Paulo, ao enaltecer a vida celibatária quer mostrar aos que colocam o casamento como
a vocação única do ser humano, as vantagens e os porquês da vida celibatária. Longe
de engrandecer o celibato como a única vocação digna do ser humano, o Apóstolo dos
gentios busca o equilíbrio tirando do casamento sua superioridade em relação ao outro
modo de ser. Todas as duas vocações são importantes e nenhuma é melhor que a outra.
A melhor é aquela à qual a pessoa se sente chamada. De fato, a santidade reside em
saber responder ao chamado do Senhor, seja ele qual for.
São Paulo é muito
prático e para enaltecer a vida celibatária por amor ao Reino dos céus, diz que ela
propicia ao ser humano viver sempre unido ao Senhor, com o coração livre para se dedicar
por completo a Deus e aos irmãos, indistintamente, sem qualquer limite. Portanto,
a grandeza do celibato ganha sentido enquanto doação plena e total ao Reino.
Contudo,
nossa realidade nos apresenta homens e mulheres casados, que, individualmente ou como
casal, além de manter com sacrifícios uma família, dedicam muito tempo à comunidade,
quando não se tornam o baluarte da mesma comunidade. Não podemos fechar os olhos diante
dessa realidade!
Trata-se de fazer a vontade de Deus, não importando o estado
civil. Este deverá ser vivido, assumido, dentro da vocação dada pelo Senhor. Não importa
se somos leigos ou religiosos. Jamais poderemos nos fechar em nossa vida. A dimensão
do serviço ao Reino deve encontrar espaço em nossa vida. Seja de modo explícito na
vida eclesial, seja de modo implícito na vida comunitária, o cristão deverá dedicar-se
à construção do Povo de Deus. (CA)