Cidade do Vaticano (RV) - O Pontifício
Conselho das Comunicações Sociais apresentou no último dia 24, a mensagem do Papa
Bento XVI para o 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Na mensagem, o Papa faz
uma reflexão sobre o aspecto do processo humano da comunicação. “Silêncio e palavra:
caminho de evangelização” é o título da Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais,
celebrado em 20 de maio. O texto foi publicado na manhã da última terça-feira, festa
de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Partindo das duas expressões
que chamam a atenção, num primeiro momento podem parecer paradoxais, palavra e silêncio;
podemos nos perguntar, como é possível conjugar, num mundo em que continuamente recebemos
impulsos, estímulos, imagens das nossas redes de comunicação, encontrar momento para
o silêncio. O próprio Santo Padre na sua mensagem afirma que o silêncio não é simplesmente
como uma forma de contraposição a uma sociedade caracterizada pelo fluxo constante
e incontrolável da comunicação, mas sim um necessário elemento de integração. De fato,
o silêncio favorece a dimensão do discernimento e do aprofundamento e pode ser visto,
precisamente, como um primeiro acolhimento da Palavra. Diz o Papa: “Não há dualidade,
então, mas a complementaridade das duas funções que, em seu equilíbrio, aumenta o
valor da comunicação e torna-a um elemento indispensável no serviço da nova evangelização”. Segundo
o Pontífice, quando “palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se,
porque provoca certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença;
quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado”. Citando
alguns trechos da mensagem, o Papa volta recordar a importância do silêncio para nós
cristãos, como por exemplo o silêncio da Cruz, que “fala da eloquência do amor de
Deus vivido até ao dom supremo”. Bento XVI explica também que se Deus fala ao homem
mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com
Deus e de Deus. “Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender
a escutar, a contemplar, para além de falar”. Vivemos hoje numa sociedade onde
o barulho toma conta e abafa o “grito do silêncio”, do poder parar para refletir,
para ouvir. O grande segredo para quem quer comunicar é ser um homem de escuta, de
silêncio, pois quando ouvimos, damos também espaço para o diálogo, com os outros e
consigo mesmo. Muitas vezes falamos mais e ouvimos menos, daí não é um diálogo mas
sim uma conversa de surdos. Nos nossos dias, as Redes Sociais vão-se tornando cada
vez mais o lugar das perguntas e das respostas escreve o Papa; o homem de hoje vê-se,
frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades
que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre
os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar
e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Devemos redescobrir a capacidade
de escutar, de perceber o outro, de escutar o outro. O Silêncio precede a palavra
é dá a ela o seu real valor. (Silvonei José)