2012-01-27 12:44:27

Cracolândia: Resgatar a dignidade dos toxicômanos. Ouça a reportagem


RealAudioMP3 São Paulo (RV) - Continua a polêmica em torno da operação policial realizada na capital de São Paulo para dispersar os viciados em crack, na área no centro da cidade conhecida como Cracolândia.

No dia 3 de janeiro, em uma ação conjunta entre o governo paulista e a prefeitura da capital, a Polícia Militar deu início à tomada da Cracolândia, com a remoção dos dependentes químicos e traficantes presentes no local.

De acordo com o governo do Estado, nos 22 dias de operação, 154 pessoas foram presas, 46 condenados foram capturados e cerca de 10 mil pedras de crack foram apreendidas, além de outras drogas, em mais de 8.200 abordagens policiais.

Esta semana, quatro ONGs fizeram uma denúncia formal a relatores independentes das Nações Unidas, criticando abusos do poder público. Caso a denúncia proceda, o governo pode ter de se explicar à ONU sobre a operação policial na Cracolândia.

E a Igreja, o que diz a respeito? O Programa Brasileiro contatou o responsável pela Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, Pe. Júlio Renato Lancellotti. Ele faz um relato do ocorrido e explica a posição da Igreja frente a esta operação:

"O que houve agora depois de muito tempo de uma omissão do Estado, que acabou deixando a situação ficar do jeito que ficou, houve uma intervenção militar muito forte, uma intervenção policial, mas de caráter militar, de ocupação. E essa ocupação se deu com bombas de gás, com balas de borracha, com muitas violações da integridade física, muitas violações de Direitos Humanos, e da dignidade que esses pessoas mesmo usando drogas não perdem. Nesse momento esta área está toda ocupada, a prefeitura começou uma demolição, mas é uma área de grande especulação imobiliária e onde há interesses políticos e imobiliários muito fortes.
A posição da Igreja é de perplexidade frente ao uso da violência, a posição da Igreja é que deveria de ter uma ação, mas quando tem que se fazer alguma coisa não é fazer qualquer coisa, nem fazer a pior coisa. A repressão, a violência é a pior coisa. Na verdade, penalizar os usuários é terrível. O presidente do Conselho de Drogas do Estado de São Paulo afirmou que o método era dor e sofrimento, e nós colocamos que dor e sofrimento planejado e executado se chama tortura e que não é esse o caminho. O caminho é estabelecer vínculos, políticas públicas, é a questão da saúde mental, são as questões sobre as quais a Pastoral Nacional de Rua do Brasil, ligada à CNBB, tem se pronunciado constantemente e faz parte de um comitê em nível federal para se estabelecer políticas públicas que envolvam a questão social e a questão da saúde, e não a violência.
Clique acima para ouvir a reportagem completa.

(BF)







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