Trabalho digno e justiça social nas tradições religiosas
Genebra (RV) - "Garantir um trabalho digno para todos é um imperativo para
restaurar um equilíbrio e colocar os valores humanos no centro das escolhas políticas."
Com
esta convicção, representantes cristãos, judeus, muçulmanos e budistas elaboraram
o documento "Convergências: trabalho digno e justiça social nas tradições religiosas",
a convite da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O texto foi divulgado
nesta terça-feira (24), no mesmo dia em que a OIT publicou os dados do seu último
relatório. Segundo essa organização, nos próximos dez anos, serão necessários 600
milhões de novos postos de trabalho.
O Relatório afirma que no mundo existem
200 milhões de desempregados. Desses, quase a metade tem entre 15 e 24 anos. Somente
este ano, três milhões de pessoas perderão o emprego.
Diante desses dados
alarmantes, a OIT pediu aos líderes religiosos um confronto sobre temas como a dignidade
humana, a solidariedade e a justiça social, a defesa dos direitos dos trabalhadores
e o trabalho infantil.
Para a elaboração deste documento, colaboraram o Pontifício
Conselho Justiça e Paz, o Conselho Mundial de Igrejas e a Organização islâmica internacional
Isesco.
Numa época marcada pela pior crise que o mundo conheceu desde a Grande
Depressão (1929), afirma o presidente da OIT, Juan Somavia, "sempre mais pessoas pensam
que não têm valor". O descontentamento aumenta e o desespero se expande. Somavia fala
de "salários miseráveis, condições de trabalho precárias, greves, trabalhos informais
e proteção social insuficiente".
Por isso, o texto apresentado nesta terça-feira
nasce da convicção de que "a espiritualidade e os valores são essenciais para a busca
de uma globalização ética". E Somavia acrescenta: "O documento é a primeira etapa
de uma viagem comum que, espero, trará o advento de uma nova era de justiça social
fundada sobre nossos valores comuns". (BF)