Mensagem do Papa para Dia Mundial das Missões: Igreja faça redescobrir alegria do
crer
Cidade do Vaticano (RV) - À distância de 50 anos da abertura do Concílio Vaticano
II, urge que a Igreja reencontre "o mesmo impulso apostólico das primeiras comunidades
cristãs que, pequenas e indefesas, foram capazes de difundir o Evangelho no mundo
inteiro".
Essa é uma das exortações de Bento XVI contidas em sua Mensagem para
o Dia Mundial das Missões 2012, publicada nesta quarta-feira. Que a "missio ad gentes"
(missão além-fronteiras) seja "o horizonte constante" de toda atividade da Igreja
e fonte da sua caridade.
Na época em que a faixa pobre do Sul do planeta, e
parte também do Leste, era precipitadamente etiquetada como "Terceiro mundo", os jovens
bispos das Igrejas que viviam naquela área vinham a Roma trazer um veemente testemunho
do que significava ser evangelizadores sendo, porém, uma minoria, ou sê-lo numa comunidade
dramaticamente desprovida de meios.
O Pontífice parte dessa imagem do Concílio
Vaticano II – do qual participou como jovem sacerdote – para dizer no início de sua
Mensagem que justamente aquela experiência de "ser pastores de Igrejas jovens e em
formação" – trazida pelos padres conciliares da África e da América Latina, da Ásia
e da Oceania – contribuiu "de modo relevante para reafirmar a necessidade e a urgência
da evangelização ad gentes".
Nos 50 anos sucessivos ao Concílio essa
"visão", afirma o Papa, "não se perdeu", pelo contrário, estimulou "uma fecunda reflexão
teológica e pastoral". Todos os pontífices da época contemporânea sempre a relançaram
como uma "prioridade".
Todavia, esclarece Bento XVI, o mandato missionário
de Cristo, confiado por primeiro aos Apóstolos e, portanto, hoje aos bispos, não se
limita, naquilo que lhe diz respeito, "à atenção à porção do Povo de Deus" a eles
confiada, mas "deve envolver toda a atividade da Igreja", das paróquias aos institutos
religiosos, dos movimentos eclesiais aos cristãos individualmente considerados.
Por
isso – indica –, tanto os planos pastorais quanto a organização diocesana deve se
adequar à vida da Igreja radicada na cotidianidade de um "mundo em contínua transformação"
– observa –, e, em grande parte, não somente no Ocidente, "em crise de fé".
De
resto, a Igreja terá ocasião, este ano, de refletir sobre os vários aspectos do tema,
com a celebração do Ano da fé e o Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização. Bento
XVI faz votos de que ambos os eventos eclesiais sejam "ocasiões propícias para um
relançamento da cooperação missionária".
E refletindo sobre a relação entre
a fé e o dever de comunicá-la, o Papa pede novo "entusiasmo" para que se redescubra
"a alegria do crer", particularmente "naqueles países que há séculos conhecem o Evangelho,
mas que estão perdendo a referência de Deus" – reitera.
A preocupação de evangelizar
– afirma – "jamais deve permanecer à margem da atividade eclesial e da vida pessoal
do cristão". E o ter no coração a paixão pelo Evangelho deve ser sempre acompanhado
da caridade.
O seu anúncio se faz "ajuda ao próximo, justiça aos mais pobres,
possibilidade de educação nos vilarejos mais distantes de tudo, assistência médica
nos lugares mais remotos, emancipação da miséria, reabilitação de quem se encontra
marginalizado, apoio ao desenvolvimento dos povos, superação das divisões étnicas
e respeito pela vida em todas as suas fases".
Ao agradecer aos apóstolos de
hoje – sacerdotes, religiosos e leigos – e, em particular, às Pontifícias Obras Missionárias
por sua dedicação, Bento XVI volta o olhar da Igreja para um modelo cuja eficácia
não se perde: o modelo de dois mil anos atrás.
Precisamos – diz o Santo Padre
– "retomar o mesmo impulso apostólico das primeiras comunidades cristãs, que, pequenas
e indefesas, foram capazes, com o anúncio e o testemunho, de difundir o Evangelho
ao mundo inteiro então conhecido". (RL)