Integrar dimensões da evangelização e da ação social, na atividade com imigrantes.
(23/01/2012) O trabalho da Igreja Católica com os migrantes deve incluir as dimensões
da evangelização e do "apoio social", lê-se no comunicado final do XII Encontro de
Formação de Agentes Sócio-pastorais das Migrações que terminou neste domingo, em Fátima.
O documento assume o princípio da “cooperação pessoal e institucional” como “critério
prioritário de ação” de um setor da pastoral da Igreja na coordenação da Comissão
Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. Com a reformulação desta estrutura
da Conferência Episcopal Portuguesa, na sua última Assembleia Plenária, o trabalho
da Igreja no campo da ação social e os projetos relativos às comunidades migrantes
em Portugal e na diáspora portuguesa, são coordenados pela mesma Comissão Episcopal
(da Pastoral Social e Mobilidade Humana). Assim, os cerca de cem participantes neste
XII Encontro de Formação afirmam a necessidade de procurar “sinergias estruturais
e complementaridade operacional”, envolvendo também a Comissão Episcopal “na procura
de soluções em que se aproximem as duas dimensões do trabalho com os migrantes”. O
documento refere ainda a necessidade de trabalhar em parceria com “estruturas da administração
pública, da sociedade civil, da Igreja Católica e de outras Igrejas, a nível nacional
e internacional, em ordem ao esclarecimento dos migrantes e à respetiva integração
em contextos interculturais”.
Relativamente ao aumento da emigração portuguesa,
o texto exprime “a solidariedade e a compreensão” para com quem decide deixar Portugal,
constata o “empobrecimento” que essas saídas originam e desafia “à manutenção de laços
com Portugal, contribuindo de forma criativa para o seu desenvolvimento”. Segundo
o texto, serão cinco milhões e meio os portugueses a viverem no estrangeiro, tendo
saído de Portugal, durante o ano 2011, 120 mil cidadãos, um “número nunca atingido
durante as décadas de maior emigração portuguesa, como nos anos 60”, refere o documento.
Para
os participantes no encontro, os fluxos migratórios desafiam a uma “mudança de paradigma
em relação à mobilidade humana”, fator que caracteriza todas as pessoas, também os
portugueses habituados a fazer do “território nacional um local de «partidas» e «chegadas»”,
assumindo as migrações “como oportunidade de desenvolvimento pessoal e global, das
sociedades de origem e de destino”. No documento denunciam-se as situações em
que acontece a “discriminação salarial” e no “acesso ao mercado de trabalho” e aponta-se
como “critério de convivência social a igualdade de direitos e deveres entre toda
a população, nacional ou estrangeira”. É necessário formar “comunidades, missionárias
ou paroquiais, onde aconteça uma troca de saberes e de sabores entre participantes
de diferentes culturas, etnias ou religiões” – conclui o texto.
O XII Encontro
de Formação de Agentes Sóciopastorais das Migrações assinalou também o início das
comemorações dos 50 anos de fundação da Obra Católica Portuguesa de Migrações, uma
das instituições organizadoras desta iniciativa em parceria com a Caritas Portuguesa
e a Agência Ecclesia. (PG, com Agência Ecclesia)