2012-01-23 13:56:42

Dom Patrick Kelly e os desafios da Terra Santa


Liverpool (RV) – Os cristãos podem ser pró-Israel e pró-Palestina, garante o Arcebispo de Liverpool. Dom Patrick Kelly retornou na última semana de uma viagem à Terra Santa. Trata-se de uma iniciativa recorrente, que tem por objetivo mostrar solidariedade para com a Igreja local.

“Estes encontros foram estabelecidos 12 anos atrás pela Santa Sé. A ideia inicial era que os presidentes das conferências episcopais, ou um representante, dos países que tiveram um papel político no estabelecimento da Terra Santa, como é atualmente, pudessem se reunir ali para apoiar a Igreja local”, explicou.

A ideia é encorajar os cristãos da Terra Santa a cumprirem um duplo papel: “Queremos apoiar a Igreja em duas funções, o seu esforço para nunca ficar calada diante da injustiça, venha ela de onde vier, e também o de ser sempre uma Igreja que procura a reconciliação”. Ao longo dos anos, a delegação tem se deparado com o problema da diminuição da população cristã na terra onde o Cristianismo nasceu.

Há uma série de fatores que contribuem para esta realidade, explica o arcebispo de Liverpool: “Os cristãos sentem muito, sobretudo em locais como Belém, que vivem quase como prisioneiros, tais são as restrições à liberdade de movimentação. No nosso comunicado final, usamos o termo ‘estado de ocupação’”, afirmou.

A Igreja é reconhecida pelo papel que desenvolve no campo da educação, mas mesmo isso acaba por alimentar a emigração: “Por razões que compreendo bem, sendo filho de um imigrante econômico da Irlanda para a Inglaterra, a educação muitas vezes abre portas de saída para países onde existe outra liberdade e mais espaço”.

Esta não é a única comparação que Dom Patrick Kelly encontra entre a situação na Terra Santa e a Irlanda dos seus antepassados. Sobre as recentes cenas de conflito que tiveram lugar na Igreja da Natividade entre monges de diferentes confissões cristãs, o Arcebispo lamenta, mas encontra uma explicação. “É complexo. Conhecendo bem a história da Irlanda, sei que onde há sofrimento e um sentimento de injustiça, o comportamento pode ser negativo. É muito difícil levar uma vida normal num contexto em que pesam tantos fatores sobre nós. Claro que é tentador dizer que isto não se devia ocorrer, mas se eu vivesse naquela realidade todos os dias é natural que proferisse palavras ou fizesse atos que lamentaria mais tarde”, destaca o prelado.

Apesar do cenário difícil que encontra todos os anos que vai à Terra Santa, Dom Patrick Kelly não deixa de viver com esperança, e recorda as palavras de Paulo VI, o primeiro Papa que visitou Israel como peregrino: “Ele declarou: ‘Se querem paz, procurem a justiça’, tenho a certeza de que se houver justiça para estes dois povos, que vivem três formas diferentes de seguir a Deus, então haverá paz e as comunidades terão mais esperança para o futuro.”

O arcebispo recorda que existe uma posição do Vaticano sobre esta região e diz que não é preciso tomar partidos: “A Santa Sé é a favor de uma solução de dois Estados. No nosso comunicado final, mencionamos que não é preciso escolher entre ser pró-Israel ou pró-Palestina. Para haver paz para ambos os povos, tem de haver justiça para todos”. (SP)








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