50 anos da fundação da Obra Católica Portuguesa das Migrações assinalados em Fátima
(22/1/2012) A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) tem desenvolvido uma atividade
“inteligente e apaixonada” ao longo de 50 anos e o seu futuro será marcado pela interculturalidade,
considerou o padre Gabriele Bentoglio, subsecretário do Conselho Pontifício para
a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Intervindo na sessão de abertura das celebrações
dos 50 anos da fundação da OCPM, que decorreu em Fátima, afirmou que a criação desta
Obra foi uma exigência do “momento histórico” em que viviam Portugal e a Europa, quando
se confrontaram com “tensões políticas e económicas” que provocaram “imponentes fluxos
migratórios”. Segundo o Padre Bentoglio, a OCPM possibilitou “constante primazia
e atenção” da Igreja em Portugal aos “mais diversos problemas dos migrantes” que,
“em cinquenta anos de inteligente e apaixonada atividade” tem “sublinhado o primado
e a centralidade da pessoa”. O trabalho desta Obra permitiu também a “valorização
das minorias na sociedade civil e eclesial, o valor das culturas na obra de evangelização,
o contributo das migrações na pacificação universal, a dimensão eclesial e missionária
do fenómeno migratório, a importância do diálogo e do debate no seio da sociedade
civil, da comunidade eclesial e entre as diversas confissões e religiões”, afirmou. Primeiro
com uma atitude de reserva diante do fenómeno das migrações, o Concílio Ecuménico
Vaticano II (1962-1965) permitiu à Igreja Católica descobrir “as potencialidades,
culturais e espirituais do fenómeno migratório segundo a teologia da história”, lembrou
o sacerdote italiano. Em Fátima, o P. Gabriele Bentoglio recordou que Portugal
é um país de emigrantes e imigrantes, de onde partem e aonde chegam cidadãos de “diversas
culturas e religiões”. O sacerdote, que pertence à congregação scalabriniana, cuja
ação se distingue pelo trabalho junto dos migrantes, referiu que as sociedades nacionais
têm de se tornar “cada vez mais” interculturais. Assim, é urgente cultivar os valores
do “diálogo intercultural e inter-religioso” e é necessário criar um “novo conceito
de integração”, desenvolvido numa perspetiva “universalista e missionária”. Para o
subsecretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, esse desafio deve
envolver mais “leigos cristãos no trabalho pastoral da Igreja” e corresponde a “um
novo período de trabalho, que a Obra Católica poderá realizar, como relançamento da
sua identidade, depois de cinquenta anos de forte e apreciada atividade”. A sessão
de abertura das celebrações dos 50 anos da fundação da Obra Católica Portuguesa de
Migrações decorreu no contexto do XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais
das Migrações, onde o tema ‘Portugal entre a emigração e a imigração’ está em debate
desde esta sexta-feira até este domingo.