Naufrágio: correspondente da RV relata esperanças de encontrar sobreviventes
Giglio
(RV) - Esta terça-feira marca início do quarto dia de operações na Ilha de Giglio,
na Itália, onde o navio de cruzeiros Concordia naufragou na noite do último sábado
com mais de 4 mil pessoas a bordo.
Nesta segunda-feira, mais dois corpos foram
resgatados. Portanto, até agora, são sete as vítimas fatais do acidente. Entretanto,
os números sobre os desaparecidos continuam incertos.
O governo italiano deve
decretar situação de emergência e a preocupação agora é com um possível desastre ambiental
que poderia ser provocado pelo vazamento de combustível. Em sua última declaração,
o chefe do Corpo de Bombeiros, Luciano Rocalli, disse à Rádio Vaticano que as buscas
se concentram em encontrar possíveis sobreviventes que estariam presos dentro do navio,
contudo, o trabalho é dificultado pela posição em que o cruzeiro se encontra, de quase
90 graus. Porém, os últimos sobreviventes foram encontrados no domingo, trata-se de
um casal de coreanos.
As informações sobre o número de desaparecidos ainda
são muito desencontradas. Seriam 29 pessoas desaparecidas, entre eles alemães, franceses,
norte-americanos e uma peruana. Os números são desencontrados desde a noite da tragédia.
Naquele dia, falava-se em 70 desaparecidos, contudo a contagem não é confiável porque
não foi apresentada ainda, por exemplo, a lista de passageiros. Isso demostra que
a companhia Costa Cruzeiros, dona do navio e muito criticada pelos tripulantes e passageiros
por não ter prestado socorro imediato, pode não ter efetuado os controles-padrão na
hora do embarque.
Especialistas em buscas nas montanhas e bombeiros que dominam
as técnicas de buscas subaquáticas já reforçam as equipes. Eles chegam para tentar
acessar partes do navio que continuam isoladas, seja por causa da posição em que o
Costa Concordia se encontra, adernado quase 90 graus, seja porque as cabines do navio
estão inundadas. E isso tudo depende das condições do Mar Tirreno, que hoje estão
calmas. Faz muito frio e as águas naturalmente estão geladas.
Esta manhã, fomos
acordados com o barulho de explosões. Homens da equipe de resgate confirmaram que
são explosões provocadas para abrir caminhos em meio aos escombros do navio. O Ministro
do Meio Ambiente italiano disse nesta terça-feira que vai decretar situação de emergência.
Com isso, a liberação de verbas federais fica menos burocrática, até porque as equipes
que trabalham praticamente 24 horas no local do acidente registraram o vazamento de
líquidos, mas ainda não se sabe se se trata realmente de combustível. Por precaução,
barreiras de proteção serão colocadas em torno da área do acidente e daqui onde eu
estou, já é possível ver essas barreiras, muito parecidas com aquelas usadas para
conter vazamentos de petróleo. A população fixa da ilha, pouco mais de 1500 pessoas,
vê chegar um fluxo de jornalistas proveniente do mundo inteiro.
A presença
das equipes de resgate mudou o cotidiano da ilha. Os moradores se mostram muito solícitos
com as equipes. Quanto ao comandante do navio, que está detido sob a acusação de homicídio
culposo, ele prestará novo depoimento nesta terça-feira.
As investigações são
conduzidas pelo Juizado de Investigações Preliminares, que depois disso deverá reiterar
ou não a detenção do comandante Francesco Schettino.
Os primeiros resultados
das análises das caixas-pretas foram publicados pela agência Ansa. O diálogo entre
o comandante e as autoridades portuárias demonstra que as autoridades exigiam que
o comandante retornasse ao cruzeiro, que se negou dizendo que o navio estava prestes
a afundar.